Vítima de uma relação abusiva, a nepalesa sempre soube que seu propósito na vida é cuidar de garotas que também sofreram diversos tipos de violência — assim, ela criou o Maiti Nepal
Em 2010, dados do Departamento de Estado dos Estados Unidos sugeriam que 10 a 15 mil meninas do Nepal eram traficadas anualmente. Arrancadas de suas casas, muitas vezes por membros da própria família, elas eram exploradas sexualmente.
Esse é o terrível contexto em que centenas de meninas vivem até hoje. Geeta, por exemplo, tinha 9 anos quando foi vendida ao tráfico por um integrante de sua família. Nas mãos de criminosos, ela era obrigada a dormir com até 60 homens todos os dias.
Filha de camponeses, a garota nepalesa foi apenas uma das muitas vítimas do tráfico de crianças que abastece desde a prostituição, até o turismo sexual. No caso de Geeta, todavia, seu caminho felizmente se cruzou com a luta de Anuradha Koirala.
De um trauma
Durante grande parte de sua juventude, Anuradha Koirala trabalhou como professora de inglês em uma escola primária no Nepal. Naquela mesma época, enquanto ela inspirava crianças, a mulher sofria com um relacionamento violento e abusivo.
Foram as agressões sofridas nesse amor invertido que fizeram com que ela tomasse uma causa para si: Anuradha nunca mais permitiria que meninas sofressem com qualquer tipo de violência. Assim, ela criou o Maiti Nepal.
"Eu era espancada todos os dias. E então tive três abortos, que acho [que eram] por causa das agressões", ela contou à CNN, em 2010. "Foi muito difícil, porque eu não sabia para onde ir, com quem falar, como denunciar..."
Grito de socorro
Ao fim do relacionamento, Anuradha passou a usar seu pequeno salário para custear uma loja que oferecia emprego tanto para meninas abusadas, quanto para vítimas de violência. Não demorou até que a causa de expandisse para o combate ao tráfico sexual.
Hoje, já fazem mais de 25 anos que o Maiti Nepal (Casa de mãe, em tradução livre) salva meninas como Geeta das ruas. Aos 71 anos, Anuradha Koirala já resgatou e reabilitou mais de 12 mil vítimas do tráfico sexual e da prostituição infantil no Nepal.
Abraçando todos os casos que batem em sua porta, a instituição oferece moradia, tratamento médico, aconselhamento psicológico e jurídico, ações judiciais e processos criminais. Com incentivo da comunidade e diversas doações, tudo é gratuito.
Coração de mãe
Geeta, a menina traficada por um parente, tinha 14 anos quando foi resgatada por um policial e, logo em seguida, foi levada até Anuradha Koirala. Hoje, ela é uma das muitas educadoras do Maiti Nepal que ajuda a salvar diversas outras vítimas da violência.
Muito além de oferecer serviços, contudo, a instituição também entra em combate. Todos os dias, grupos do Maiti Nepal fazem uma patrulha na fronteira entre a Índia e o Nepal e, pessoalmente, resgatam cerca quatro garotas nepalesas do tráfico.
Dessa forma, o objetivo da instituição ultrapassa seus próprios limites o tempo todo. Anuradha e seus parceiros buscam salvar e reabilitar as meninas, mas também torná-las economicamente independentes, além de reintegrá-las na sociedade.
Ajuda dos céus
Um dos maiores desafios, todavia, é tratar das garotas que, por culpa dos abusos e do tráfico, acabam contraído alguma doença sexualmente transmissível. Nesses casos, as jovens são marginalizadas por uma sociedade puramente preconceituosa.
É aí que o Maiti Nepal entra em ação, funcionando não apenas como um centro de acolhimento, mas também como uma família que nunca julga. "A parte mais difícil para mim é ver uma garota morrendo em uma [idade] que ela deveria estar brincando", lamentou Koirala, ainda à CNN. "Isso é o que me estimula a trabalhar mais."
Hoje, o Maiti Nepal resgata garotas do risco potencial de tráfico nas fronteiras entre Nepal, Índia e China. Orgulhosa, a fundadora do projeto afirma que, entre inúmeras de meninas resgatadas pela instituição, não existe qualquer caso de garotas que tenham voltado para as ruas. E ela planeja manter os números assim.
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