Antes de se tornar uma das figuras mais influentes — e ricas — do mundo, o rapper ingressou no tráfico de drogas para ajudar a família
Das esquinas ao trono do Rap: embora Jay-Z seja conhecido pelo seu império, que conta com 23 estatuetas do Grammy, uma fortuna estimada em 1,4 bilhão de dólares e até o aplicativo Tidal, a trajetória do homem que hoje é considerado um dos maiores rappers de todos os tempos foi conflituosa.
Isso porque, durante a juventude, Shawn Carter viveu anos no mundo do tráfico de drogas. Para ajudar a situação da família, que passava por dificuldades financeiras, o jovem começou a vender crack nas ruas de Bedford-Stuyvesant, no Brooklyn nova-iorquino, onde nasceu e cresceu.
A história do rapper não é desconhecida e é frequentemente abordada nas músicas compostas por ele, que misturam realidade e desejos com passado. Ainda assim, Jay-Z revelou mais detalhes sobre a juventude difícil em uma entrevista dada em 2013 à revista americana Vanity Fair.
“Nós vivíamos numa situação difícil, mas minha mãe dava um jeito, ela fazia malabarismos. Às vezes, nós pagávamos a conta de luz, outras a de telefone, às vezes ficávamos sem gás”, explicou Carter.
A solução — que poderia ter sido considerada temporária em algum momento — encontrada pelo jovem foi seguir o caminho de muitos outros na mesma situação. Ele passou a vender drogas, principalmente crack, que ficou popular nos Estados Unidos na época, mas afirma que nunca chegou a usar.
“O crack estava em todo lugar — era inescapável”, contou o rapper. “Não havia nenhum lugar onde você poderia ir para se isolar ou para dar um tempo. O cheiro da droga estava nos corredores dos lugares. Não consigo explicar, mas ainda lembro desse cheiro quando penso no assunto.”
Questionado se sentia culpa ao vender a droga, Jay-Z respondeu que “no começo, não”. “No início, eu pensava apenas em sobreviver, em melhorar minha situação financeira, em comprar roupas”, disse. No entanto, ele confessa que isso foi até “perceber as consequências disso [do crack] nas pessoas”.
O rapper também ressaltou que a família não estava em uma situação extrema, como a de não ter o que comer, mas que não tinham uma vida nem próxima do que poderia ser considerado minimamente confortável.
“Nós não estávamos passando fome, mas não queríamos ficar envergonhados quando íamos à escola, não queríamos usar tênis sujos ou as mesmas roupas várias vezes”, contou o artista. Outro detalhe revelado por ele é que a sua mãe sabia do envolvimento com o tráfico de drogas, mas não chegou a questioná-lo.
Foi a partir da década de 1980 que Carter começou a deixar o tráfico de lado, carregando consigo as letras que compunha mentalmente para os palcos. Com o tempo, pôde expor seu talento aos Estados Unidos e, depois, ao mundo, tornando-se um dos maiores rappers da história.
Explorando seus interesses além do mundo da música, o artista conseguiu se tornar o primeiro bilionário da história do hip-hop. Para a Forbes, ele é um dos homens mais ricos do mundo, que comanda empresas de conhaque, champanhe, agências de talentos, o aplicativo Tidal e investimentos na Uber.