Acredita-se que a mulher que possivelmente serviu como inspiração para a narrativa, tenha se tornado uma figura importante para a igreja católica
A famosa história de uma donzela dona de longas madeixas loiras, que foi aprisionada em uma alta torre por uma bruxa e que posteriormente foi salva por um príncipe, já está no imaginário de qualquer criança. Trata-se de Rapunzel.
A verdadeira história de Rapunzel não tem uma origem certa, sabe-se que ela foi reescrita como uma inspiração pelos irmãos Grimm em 1815. Nesse conto, a narrativa da princesa é bem mais macabra do que aquela que ficou famosa.
Na história dos Grimm, quando Rapunzel encontra o príncipe, ela é seduzida por ele e acaba ficando grávida. O homem por sua vez fica cego e se perde na floresta, enquanto a bela está sozinha e da à luz aos seus filhos sem nenhuma ajuda.
Todavia, de acordo com o History Collection, existem teorias de que a Rapunzel foi inspirada em uma história ainda mais sofrida, sobre a trajetória de uma mulher real que acabou se tornando uma figura marcante no catolicismo.
Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças
Acredita-se que a inspiração do conto tenha surgido com os eventos que marcaram a vida de Bárbara de Nicomedia, uma mulher que nasceu em meados do século 3. Ao contrário da fábula que conhecemos, o verdadeiro vilão da história que pode ter dado origem à famosa narrativa, não foi uma bruxa e sim, um pai extremamente controlador e rígido.
Bárbara era uma menina bonita e na adolescência começou a despertar o interesse de pretendentes. Seu pai, um homem chamado Dioscorus, foi um rico comerciante que tinha muito ciúmes da filha. Ele vivia uma vida pagã, enquanto a jovem mantinha secretamente sua fé no Cristianismo.
Quando ele percebeu que a garota já estava na idade de se casar, decidiu apresentar para Bárbara pretendentes que fossem interessantes economicamente para sua família. A jovem se recusou a aceitar qualquer um deles.
O homem decidiu trancá-la no alto de uma torre, para deixar a bela longe de qualquer pessoa. Dessa maneira, Dioscorus acreditava que a filha não iria se apaixonar por ninguém enquanto ele estivesse longe, durante suas constantes viagens de negócio.
O triste fim
Isolada e solitária, a menina ficou cada vez mais apegada em sua fé. Durante todo o período em que ficou presa, Bárbara conseguiu convencer alguns criados de seu pai a fazerem alguns favores para ela. Os homens levaram objetos religiosos para a torre da garota, através de uma cesta pendurada por uma corda.
Certa vez, a donzela conseguiu descer da torre e fez um passeio pelo jardim, na ocasião, a menina destruiu todos os ídolos pagãos que seu pai mantinha como parte da decoração do local.
Quando seu pai retornou de uma de suas viagens ele decidiu visitar a filha. Ao chegar à região em que a torre ficava, o homem se deparou com um cenário inesperado: a destruição de seus objetos e o fato de Bárbara praticar o cristianismo.
Furioso com a situação, o homem decidiu denunciar a própria filha pela prática de uma religião proibida. Dioscorus agarrou nas longas madeixas de Bárbara e arrastou a mulher até a corte.
Por ser cristã, as pessoas começaram a torturar Bárbara, fazendo cortes em sua pele e atirando sal nas feridas, além de queimarem boa parte de seu corpo. Quando a garota já estava extremamente fraca e quase morrendo, com uma espada, Dioscorus cortou a cabeça da própria filha. Anos depois, a mulher se tornou mártir por seus atos e ficou conhecida como Santa Bárbara pela igreja católica e ortodoxa.
Apesar das semelhanças com a história de Rapunzel, mesmo que Bárbara tivesse cabelos compridos, eles não eram suficientemente longos para que alguém pudesse usá-lo como corda para escalar a torre. Entretanto, a base da história pode ter servido como uma grande influência por escritores, já que a trajetória de Bárbara ficou muito popular em toda a Europa.
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