Ao longo de sua trajetória na vida pública, a relação cruzada com a atual esposa e a admirada Diana foi palco de uma cobertura histórica
Durante o início da década de 1990, o desencontro entre o mais famoso casal da família real britânica atraiu os holofotes de todo o mundo para explicações de uma possível rachadura; o príncipe Charles, filho da rainha Elizabeth II, foi exposto pela então companheira, a princesa Diana.
Iniciando um processo de separação, a infidelidade foi atribuída como uma das causas por Lady Di, que também pontuou a rigorosidade da agenda e convívio com os membros da realeza britânica. Apesar do desencontro e sua morte posteriormente, Charles não teve problema em prosseguir com seu relacionamento.
Camilla Parker Bowles, filha do major Bruce Middleton Hope Shand, ex-oficial do exército britânico, não apenas deu lugar a prestigiada princesa, como teve seu casamento com o herdeiro do trono concretizado em 2005, mantendo a relação até os dias atuais, enfrentando a aversão pública pela origem extraconjugal.
Contudo, tal intervenção poderia ser um desafio para a imagem da Família Real Britânica, que já luta contra as obras que revelam os bastidores do convívio nos palácios mais famosos do Reino Unido.
O site Aventuras na História conversou com Elion Campos, doutorando em história social e professor de História da Universidade Estácio, que ameniza a recepção pública sobre os escândalos do herdeiro.
“É evidente que o sucessor da rainha terá o grande desafio de estar à altura da mulher que por mais tempo ocupou o trono. No entanto, não podemos ignorar que todos os que estão na linha sucessória foram treinados por toda a vida para substituí-la”, afirma Campos.
Por tal fator, a traição de Charles pode afetar sua saga como futuro rei da Inglaterra?
Simbolicamente, eu acredito que os escândalos e polêmicas que marcaram seu primeiro casamento com Diana, pesam pouco. A família real e seus assessores foram hábeis em contornar a situação, blindando a monarquia e, até mesmo, capitalizando a exposição”, afirma o historiador.
Apesar disso, outro ponto pode pesar para a popularidade de Charles; longe de proporcionar uma imagem humilde, como a de Diana, apelidada como “princesa do povo”, o filho da rainha pode encontrar problemas com a opinião popular.
“Há uma tendência natural de afastamento, cada vez maior entre o padrão de vida da família real e o do povo simples. Se não houver uma adaptação, isso pode, aos poucos, solapar a instituição monárquica”.
Como consequência, esse fator pode afetar a saga de Charles no trono.
“O príncipe não é visto como uma pessoa particularmente modesta e simples, o próprio cargo que ocupa não contribui para isso. Há ainda a sombra de seus filhos, mais jovens e mais afinados com o sentimento popular", explica Campos.
"Isso pode atrapalhar sua imagem. Nesse sentido, acredito que deverá haver um trabalho para aproximar sua figura da população média do Reino Unido”, finalizou.