Grupos religiosos foram perseguidos quando Exército Vermelho passou a invadir a Polônia
No dia 23 de agosto de 1939, a Alemanha cumpriu sua parte e assinou secretamente o pacto de Ribbentrop-Molotov de não-agressão. Como resultado, a Polônia foi dividia entre alemães e soviéticos.
Assim, em 1º de setembro, a Alemanha nazista invadiu país e tomou posse das ricas regiões industriais na parte ocidental. Já os soviéticos ficaram na oriental. Enquanto isso, parte dos poloneses foram encurralados na região restante.
O pacto vigorou por dois anos, até junho de 1941, quando o ataque dos alemães contra posições soviéticas aconteceu na Polônia, durante a conhecida Operação Barbarossa. A partir daí, o conflito entre nazistas e o Exército Vermelho passou a ser mais brutal, inclusive para quem não tinha nada a ver com essa história, como revela uma pesquisa publicada em março deste ano, 2021, pelo Instituto da Memória Nacional da Polônia (IPN), que encontrou os restos de três freiras católicas que foram assassinadas durante a Segunda Guerra.
Quando o Terceiro Reich deixou a Alemanha, quase perto do final da Guerra, em 1944, os russos encontraram a oportunidade perfeita para assumir o controle do país. À medida que o Exército Vermelho prosperou rumo às cidades, seus soldados saqueavam e queimavam vilas, igrejas e edifícios religiosos.
Nada era poupado, inclusive as freiras, que foram “com especial crueldade”, segundo afirmou relatório do Instituto de Varsóvia. Para se ter uma ideia, em fevereiro de 1945, as forças russas invadiram hospitais em Gdańsk-Wrzeszcz, Olsztyn e Orneta, onde freiras da ordem de Santa Catarina serviam como enfermeiras.
Lá, soldados espancaram e esfaquearam pacientes e atacaram as religiosas, o que causou ferimentos horríveis nas religiosas. Registros de 1945 documentam que soldados soviéticos massacraram sete freiras na Ordem de Santa Catarina de Alexandria, segundo representantes do IPN revelaram ao Live Science.
As primeiras escavações foram feitas em Gdánsk, em julho de 2020, onde uma equipe de arqueólogos descobriu os restos da irmã Charytyna (Jadwiga Fahl), conforme aponta relatório da IPN. Dois meses depois, foram revelados o que se acredita ser os esqueletos de Irmã Generosa (Maria Bolz), Irmã Krzysztofora (Marta Klomfass) e Irmã Libéria (Maria Domnik), todas enfermeiras do Hospital St. Mary de Olsztyn.
Assim, faltavam apenas a descoberta de três delas. Para isso, em dezembro do ano passado, o cemitério municipal de Orneta, que mede cerca de 20 metros quadrados, foi vasculhado, já que há registros de arquivos locais, como um plano de sepultamento desenhado à mão, que mostram que elas estiveram por lá.
Para chegar às sepulturas de 1945, no entanto, eles tiveram que exumar corpos mais recentes, que estavam em cima delas. Supreendentemente estavam certos, já que localizaram os restos que dizem pertencer às últimas três religiosas do grupo: Irmã Rolanda (Maria Abraham), Irmã Gunhilda (Dorota Steffen) e Irmã Bona (Anna Pestka).
Segundo relatório da IPN, a idade e sexo dos restos mortais, além da presença de vários objetos religiosos, indicavam que os esqueletos foram das freiras assassinadas.
Além disso, diversos artefatos religiosos acabaram sendo identificados: o incluíam artigos de vestuário associados à ordem de Santa Catarina; pequenos rosários com contas polidas; rosários maiores para usar em um cinto; uma cruz incrustada com desenhos de metal e dois medalhões com imagens da sagrada família.
O rosto da irmã Rolanda "estava mutilado e inchado, irreconhecível", e a irmã Gunhilda foi baleada três vezes, de acordo com o IPN. Já a irmã Krzysztofora morreu após "uma longa luta com um soldado soviético". No momento de sua morte, seus olhos foram arrancados, sua língua cortada e ela foi esfaqueada com uma baioneta 16 vezes.
A análise de DNA dos sete esqueletos está sendo feita no Instituto de Medicina Forense em Gdańsk para confirmar a identidade das freiras, e o clero católico na Polônia busca a beatificação das irmãs assassinadas.