O Uruguai é famoso pela uva tannat e possui vinícolas que encantam os amantes da bebida
A uva Tannat é, sem dúvida alguma, uma variedade de grande destaque na viticultura uruguaia. Existem, entretanto, atualmente, outras variedades que começam a seduzir paladares, cativando aqueles amantes do bom vinho que buscam novas experiências.
Marselán e Arinarnoa são dois exemplos claros quando se trata de uvas tintas – ainda que não sejam as únicas – que, acompanhadas das brancas Albariño e Viognier, vêm mostrando qualidade nos últimos anos, dando razão à afirmação de que o Uruguai é muito mais do que Tannat.
Novos empreendimentos ou empresas tradicionais, que já há algum tempo decidiram aventurar-se na produção de vinhos finos, começam a mostrar um potencial que até pouco tempo estava latente no Uruguai vitivinícola.
Felizmente, para os consumidores que procuram novas alternativas às cepas tradicionais, estes produtores oferecem vinhos diferenciados e de qualidade, feitos em alguns casos por enólogos altamente experientes – ou por jovens inquietos que se mostram enólogos modernos em busca de inovação.
Com o objetivo claro centrado em lotes limitados de garrafas, mas com elevada qualidade, estes vinhos nascem em vinhas de parcelas muito cuidadas, com baixos rendimentos em quilos de uvas, nas quais o respeito pelo ambiente em que se encontram é uma prioridade, aproveitando do que a natureza, por si só generosa, dá a quem sabe apreciá-la. Confira algumas vinícolas que são destaque no país!
Bodega Gamba é um produtor que apenas recentemente começou a produzir vinhos finos, e que com este Marselán se mostra como uma promessa muito boa. De cor rubi com concentração média, e com um perfume que faz jus à tipicidade varietal, este tinto é rico em aromas de fruta e algumas especiarias.
Na boca destaca-se pela sua passagem sedutora que parece acariciar o paladar, com taninos muito redondos e agradáveis. O seu lugar à mesa fica ao lado de carnes de porco, uma boa lasanha com verduras e queijos, ou carnes de ave grelhadas.
É um branco com ligeiro tom palha e reflexos prateados, extremamente límpido e muito brilhante. Seu perfume lembra frutas brancas como peras, ameixas amarelas e abacaxi, cascas de frutas cítricas e um toque muito sutil de vegetais da pradaria. Na boca mostra bom volume, suavidade média, notas minerais e salinas, resultando em muito boa complexidade e potencial gastronômico.
A acidez final é prolongada, o que contribui para deixar uma longa memória, aliás, muito agradável ao paladar. Delicioso para escoltar camarões empanados em panko acompanhados de creme azedo de queijo cottage e ervas aromáticas.
Uvas colhidas no seu ponto ideal de maturação dão origem a este vinho amarelo-esverdeado muito vivo, com aroma a flores brancas e frutos de caroço (pêssegos e ameixas amarelas), com um fundo muito sutil a ervas frescas. Na boca apresenta-se com muito boa expressão de fruta franca e madura, mas sem excessos, com uma passagem ágil que refresca o paladar e um final de acidez equilibrada.
O seu lugar à mesa pode ser ao lado de muitos petiscos e pratos, que incluem uma pizza Margherita (molho de tomate, mussarela e manjericão) ou um filé de robalo grelhado acompanhado de um refogado de vegetais, embora seja também um vinho que se pode degustar sozinho, como uma bebida de boas-vindas.
Quem está em Carmelo (Departamento de Colônia) no fim de semana, não pode deixar de ir almoçar ou jantar no El Quincho, o novo restaurante de campo localizado na região da Colônia Estrella, um lugar onde, além de excelentes pratos, você pode desfrutar do Marselán que a casa produz.
Vermelho rubi intenso, aroma a frutos vermelhos silvestres (framboesas e amoras) com uma entrada agradável na boca, carnosidade média e taninos bem arredondados, que deliciam os paladares cansados pelo excesso de concentração. Suculento e com acidez equilibrada, é uma excelente indicação ao lado de algumas das massas caseiras que a casa serve com deliciosos molhos cremosos, ou um bom bife no ponto ideal.
Ao falar de uma uva vermelha que se adaptou muito bem às condições climáticas do sul do Uruguai, o nome Arinarnoa vem à tona e se destaca como uma variedade alternativa que rende vinhos com muita cor e aromas de frutas maduras que encantam.
É o caso deste vinho que a família Bresesti elabora em lote limitado, e que apresenta uma cor muito escura (quase preta) com notas que lembram frutas carnudas como marmelo cozido e mirtilos, aos quais se somam sutis notas mentoladas e picantes. Na boca sente-se o volume, mas sem taninos rústicos, e com uma acidez suculenta que lhe confere um paladar prolongado. Muito indicado para harmonizar com o típico assado de tira uruguaio.
Texto originalmente publicado na revista Vinho Magazine (Edição 127)
Por Daniel Arraspide