Johannes Vermeer pintou o enigmático quadro no século 17, que continua cercado de mistérios
Conhecida como a “Mona Lisa neerlandesa”, a obra “Moça com Brinco de Peróla” é uma das mais famosas da história da arte e guarda segredos que nunca foram revelados — ninguém sabe quem é a garota e se o quadro foi uma encomenda ou feito de forma recreativa.
Pintado pelo artista Johannes Vermeer no século 17 e exposto no Museu Mauritshuis, na Holanda, o quadro permanece cercado de mistérios, que continuam sendo investigados por pesquisadores.
A primeira análise da pintura foi realizada em 1994 e, 25 anos depois, a partir da melhoria da tecnologia, um novo exame, desenvolvido pela instituição onde ela é exibida, foi capaz de revelar detalhes até então desconhecidos da peça.
"Nosso exame científico nos aproximou de Vermeer e da Moça. Combinar e comparar diferentes tecnologias científicas forneceu muito mais informações do que uma única tecnologia teria feito sozinha. Essa é uma imagem mais pessoal do que se pensava anteriormente", disse Abbie Vandivere, chefe da equipe de pesquisa do museu.
Conheça 5 detalhes da “Moça com brinco de peróla”.
O estudo que descreveu os detalhes ocultos na obra de Vermeer foi divulgado por meio de uma nota à imprensa publicada pelo Museu Mauritshuis em 2020. Uma das descobertas mais singelas da análise foram cílios nos olhos da Moça, antes imperceptíveis a olho nu.
No entanto, enquanto a olho nu a Garota sempre parecia não ter cílios, a varredura de fluorescência de macro-raio-X e o exame microscópico revelaram que Vermeer pintou minúsculos cabelos ao redor de ambos os olhos”, diz o texto.
Os pesquisadores também notaram que o fundo da obra não é somente uma simples escuridão. Na verdade, o pintor usou uma técnica para seguir as linhas que, pintadas na época de maneira segmentada, teriam pequenas oscilações atualmente nulas.
No caso, o artista queria representar uma cortina verde escura atrás da garota, que não é mais visível hoje sem a ajuda do escaneamento de camada, o qual permitiu observar novamente a trajetória da pincelada e os desníveis no fundo.
Ainda houve a possibilidade de reconhecer os tidos “erros” de Vermeer, que podem ser apenas alterações definidas por ele depois de pintar algumas partes da obra, corrigidas e sobrepostas com mais tinta durante o processo de criação.
O holandês, por exemplo, repintou a posição da orelha esquerda, a sombra formada na parte superior do lenço na cabeça e a parte de trás do pescoço, que foi diminuído e parcialmente deslocada.
A análise revelou que o item que dá nome ao quadro recebeu atenção especial do pintor. A pérola, pendurada no lóbulo da orelha esquerda da Moça, não foi pintada com tinta clara, mas houve algo em cima que impediu a queda de tinta no local, para que a cor branca da tela fosse mantida.
Por isso, segundo os pesquisadores do museu, a pérola é uma “ilusão”, ou seja, foi desenvolvida com toques finais translúcidos e opacos com tinta branca para que pudesse ter o efeito tridimensional com noção de proporção e luz. Além disso, o gancho para pendurar o brinco na orelha também não foi pintado.
As primeiras pinceladas de Vermeer também foram reveladas pelas imagens por infravermelho do exame, que permitiram ver que o pintor começou usando tons marrons e pretos no quadro em branco.
Partes menos delicadas da obra foram inicialmente marcadas com pinceladas densas e amplas, agora sob a tinta visível. Depois disso, ele começou a demarcar os contornos da garota com finas linhas pretas.