Em 4 de janeiro de 1853, Solomon Northup, violinista sequestrado e vendido como escravo na Louisiana, conquistou sua liberdade
Se você é interessado em filmes históricos você provavelmente já assistiu '12 Anos de Escravidão'. Lançado em 2013, o longa é baseado no livro de memórias de Solomon Northup, violinista americano que, por 12 anos, viveu um grande pesadelo.
Nascido livre em Saratoga, Nova York, Northup foi sequestrado em 1841, drogado e vendido como escravo na Louisiana por apenas 650 dólares. Durante este período foi submetido a trabalhos forçados e torturas — enquanto isso, sua família e amigos não tinham sequer ideia de seu paradeiro.
Em 4 de janeiro de 1853, Northup finalmente recuperou sua liberdade. De acordo com o portal Smithsonian, o resgate foi possível graças à intervenção de um trabalhador aliado da plantação que enviou cartas em seu nome para contatos no norte.
Essas mensagens chegaram às mãos certas, desencadeando os esforços para trazê-lo de volta para casa. Sua libertação marcou o fim de um capítulo sombrio e deu início a uma batalha pela justiça e pela divulgação da verdade.
Poucas semanas após ser libertado, Northup tornou-se um símbolo nacional. A imprensa, incluindo o New York Times, relatou detalhadamente sua história. Em um artigo de 20 de janeiro de 1853, o jornal descreveu os eventos que levaram ao seu sequestro.
Drogado em um hotel em Washington, DC, enquanto se preparava para uma apresentação com um circo itinerante, Northup foi acorrentado e espancado brutalmente por James H. Burch, um traficante de escravos. Apesar de declarar sua condição de homem livre, foi forçado ao silêncio por ameaças de morte.
Os procedimentos legais que se seguiram ao seu resgate trouxeram à tona as falhas da justiça da época. Northup foi impedido de testemunhar contra Burch devido a uma lei que proibia testemunhas negras de depor contra réus brancos.
Além disso, os proprietários de plantações que exploraram seu trabalho permaneceram impunes, protegidos por uma legislação que limitava a responsabilização de crimes cometidos após dois anos.
"Pelas leis da Louisiana, nenhum homem pode ser punido lá por ter vendido Solomon como escravo injustamente, porque mais de dois anos se passaram desde que ele foi vendido; e nenhuma recuperação pode ser obtida por seus serviços, porque ele foi comprado sem o conhecimento de que era um cidadão livre", dizia o artigo do New York Times.
Em 1854, Northup finalmente teve a chance de testemunhar contra Alexander Merrill e Joseph Russell, os homens que o haviam enganado e vendido. No entanto, o caso contra eles foi arquivado após dois anos de apelações, deixando os responsáveis sem punição.
Determinado a expor a verdade, Northup publicou suas memórias, "Doze Anos de Escravidão", em 1853. O livro vendeu 30 mil cópias e tornou-se um marco literário, narrando com riqueza de detalhes os horrores da escravidão.
A obra provou ser atemporal, alcançando renovação de interesse no século 21 com a adaptação cinematográfica vencedora do Oscar em 2013.