Aristocrata britânica foi responsável pela técnica da inoculação contra a varíola, porém esquecida na história
Em 1717, Mary Wortley Montagu morava com o marido, um embaixador britânico na Turquia. No país percebeu algo que lhe cativou a intenção: muitas mulheres não tinham as marcas e cicatrizes de varíola no corpo. A doença era altamente contagiosa na época, e Mary já a tinha contraído — por isso, seu rosto era desfigurado.
A explicação para isso era a inoculação, ou seja, o processo de colocar propositalmente o vírus em alguém. A prática que surgiu no século 10 nas regiões orientais da Ásia, mas era popular na Turquia, no século18.
O processo permitia que a pessoa adoecesse de forma leve e sem possibilidades de contrair futuras infecções. Após o sucesso de experimentos em outrospacientes, Mary decidiu correr o risco e deixou que seu filho mais velho fosse imunizado.
Montagu e a família, então, retornaram à Inglaterra tempos depois, e Mary tinha uma filha de três anos, que na época não era inoculada. Com um surto de varíola assolando o país, achou que era o momento de também fazer o tratamento na menina.
Para provar que seu método era funcional, a mulher convidou, em 1721, um grupo de médicos respeitados para provar. O resultado foi positivo e chamou a atenção da Princesa de Gales, que inoculou as crianças da realeza.
Entretanto, alguns profissionais da medicina, não apreciavam uma 'leiga' fazendo experimentos e tendo sucesso. A aristocrata ameaçava o lucro e a posição deles; ela também, era criticada pelo clero, que condenavam a interferência científica humana na natureza.
Mary Montagu foi chamada de ignorante e teve suas ideias e avanços ignorados. O procedimento oferecia riscos graves, chegando a ser fatal. Porém, na Turquia era diferente, o processo de inoculação já estava estabelecido, as mulheres tinham conhecidmento de que a dose tinha que ser mínima, seguida por um período de isolamento, onde o paciente precisava ficar sozinho para não transmitir o vírus para outras pessoas.
Já na Inglaterra, o papel era dos médicos, mas vários profissionais não qualificados realizavam o procedimento de forma indevida. Deixavam seus pacientes sangrando por dias, com o objetivo de se "purificarem" antes da inoculação.
No ano de 1796, Edward Jenner notou que ordenhadores de vacas não eram infectados pela varíola, visto que criaram um tipo de resistência — essa que era transmitida pelo pus presente nas tetas e causava a doença em sua forma mais leve.
Segundo matéria publicada pela revista Superinteressa, é possível que Jenner tenha sido inoculado ainda na infância, embora não tivesse memórias do momento. Então, já formado como profissional, publicou artigos científicos sobre a descoberta em 1796 (anos mais tarde que as ideias de Montagu), sem hesitação, foi levado a sério.
Com isso, os estudos sobre a imunização e as origens da vacina, tem o médico inglês como pioneiro, garantindo seu título de criador do primeiro imunizante do mundo. Apesar da verdadeira história ser muito diferente.
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