Acervo de plantas coletadas por Charles Darwin e enviadas à Universidade Cambridge, no Reino Unido, será revelado pela primeira vez ao público; há plantas do Brasil no conjunto
Graças a um novo documentário produzido pelo canal britânico Channel 5, espécies de plantas coletadas há quase 200 anos pelo famoso biólogo e naturalista Charles Darwin, armazenadas no herbário da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, serão reveladas pela primeira vez ao público. O documentário gira em torno da relação entre Darwin e seu amigo e professor John Stevens Henslow, fundador do Jardim Botânico da instituição.
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Os espécimes que compõem este acervo, por sua vez, foram coletadas durante a famosa viagem de 1831 feita por Darwin que ficaria conhecida como "viagem de Beagle", em que, a bordo do HMS Beagle, tinha como objetivo produzir a cartografia do hemisfério sul. Entre os locais em que Darwin passou nessa época, inclusive, está o Brasil.
Na época da viagem, Darwin tinha apenas 22 anos e era recém-formado em Cambridge. Na viagem, coletou plantas emblemáticas mencionadas no livro 'A Origem das Espécies', publicado em 1859.
Segundo o dr. Edwin Rose, historiador científico da Universidade de Cambridge, em entrevista ao The Guardian, "Henslow foi um pioneiro do ensino botânico e um grande mentor de Darwin." Enquanto Darwin era um estudante da instituição, ele teria inclusive feito o curso de botânica de Henslow três vezes.
Conforme repercutido pela Revista Galileu, ao todo, a Universidade de Cambridge conta com pelo menos mil espécimes de plantas coletadas por Darwin, tendo sido o herbário criado em 1761, e servindo de abrigo para mais de um milhão de espécies de todo o mundo. Um exemplo que se destaca no herbário é uma espécie de pepino que, até hoje, não se encontrou outro semelhante, o que indica que já pode ter sido extinto.
Além disso, também chama atenção um espécime de fungo coletado por Darwin no Brasil. Ele foi encontrado ainda embrulhado no pedaço de jornal que o naturalista utilizava para preservar suas descobertas em meio à viagem.
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A coleção do herbário, por sua vez, é aberta para pesquisadores da instituição desde que foi criada, mas nunca para o público. Porém, curadores acreditam que o acervo de Darwin possivelmente nunca foi acessado desde que Henslow o recebeu, identificou e catalogou as espécies. Por isso, "ainda há tesouros esperando por cientistas que os encontrem e os analisem", finaliza Rose.