Grupo extremista que governa Afeganistão afirma que comerciantes precisarão se adaptar à regra para evitar punições
Redação Publicado em 17/01/2023, às 18h08
Nesta terça-feira, 17, o grupo extremistaTalibã, que governa o Afeganistão, emitiu um comunicado aos comerciantes locais determinando que os manequins das lojas de roupas femininas deveriam ter suas cabeças tapadas com pano ou sacolas plásticas. A medida representa um símbolo de dominação do grupo.
Segundo informações publicadas pelo portal G1, o Talibã levou em consideração a interpretação da lei islâmica que proíbe estátuas de forma humana, uma vez que estas podem ser adoradas como ídolos. Além disso, também existe uma campanha atrelada ao governo para remover publicamente as mulheres.
Anteriormente, no período de ascensão do Talibã em agosto de 2021, o Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício havia decretado que os manequins fossem decapitados.
Conforme apurado pela Associated Press, agência de notícias, o decreto não foi necessariamente bem-aceito pelos comerciantes: embora a grande maioria tenha obedecido às ordens, isso não significa que não houve oposição.
Em depoimento, proprietários de algumas lojas decidiram falar sobre a situação com a condição de que eles fossem identificados apenas com o primeiro nome por medo de represálias.
Não posso cobrir as cabeças dos manequins com plástico ou coisas feias, porque eles fariam minha vitrine e minha loja parecerem ruins", afirmou Bashir, ainda conforme o G1.
Aziz, dono de outro estabelecimento local, disse:
Todo mundo sabe que os manequins não são ídolos e ninguém vai adorá-los. Em todos os países muçulmanos, manequins são usados para exibir roupas".
O grupo extremista é responsável por diversas medidas de repressão contra as mulheres, como a proibição de continuarem seus estudos depois da sexta série. Sobre o caso dos manequins, uma mulher que caminhava pelo comércio declarou:
Quando os vejo, sinto que aqueles manequins também estão submissos e presos, e isso me assusta. Sinto que me vejo atrás dessas vitrines: uma mulher afegã que foi privada de todos os seus direitos".
