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Soldado israelense revela uso de palestinos como escudos humanos em Gaza

Prática conhecida como "protocolo do mosquito" era comum, apesar de ser proibido pela Suprema Corte de Israel, diz militar

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/10/2024, às 22h00

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Pessoas no meio dos destroços em Gaza - Getty Images
Pessoas no meio dos destroços em Gaza - Getty Images

Um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF) revelou que o exército israelense usou escudos humanos para entrar em casas e túneis armadilhados em Gaza, prática usada para evitar o risco de morte para as tropas. Conhecida internamente como "protocolo do mosquito", essa tática foi descrita como comum por unidades das IDF, de acordo com depoimentos de um militar e cinco ex-detentos palestinos que afirmam ter sido vítimas.

O soldado relatou que sua unidade foi instruída a usar dois prisioneiros palestinos, sob a alegação de que estavam ligados ao Hamas, para explorar locais perigosos antes das tropas avançarem. "Se houver armadilhas, elas explodirão e não nós", afirmou à CNN. A prática, proibida desde 2005 pela Suprema Corte de Israel, foi chamada de "cruel e bárbara" pela Justiça na época.

"É bem chocante, mas depois de alguns meses em Gaza você [tende a não] pensar claramente. Você está apenas cansado. Obviamente, prefiro que meus soldados vivam. Mas, você sabe, não é assim que o mundo funciona", continuou o soldado.

Testemunhos indicam que a prática foi divulgada por várias regiões de Gaza, incluindo Khan Younis e Rafah, e não se limitou a uma unidade isolada. Enquanto Israel acusa frequentemente o Hamas de usar civis como escudos humanos, este soldado revelou o choque de ver o próprio exército adotar métodos que se comparam a uma organização terrorista:

Vimos o Hamas usando palestinos como escudos humanos. O Hamas é uma organização terrorista. As FDI não deveriam usar práticas de organizações terroristas".

Segundo a CNN, as IDF negam oficialmente a prática, afirmando que suas diretrizes proíbem o uso de civis em operações militares. "As diretrizes e diretrizes da IDF proíbem estritamente o uso de civis detidos em Gaza para operações militares. Os protocolos e instruções relevantes são rotineiramente esclarecidos aos soldados em campo durante o conflito".

Contudo, segundo a CNN, as denúncias e imagens fornecidas por grupos de direitos humanos como a Breaking the Silence esclarecem a conduta militar israelense em Gaza.

Os detentos

Cinco ex-detentos concederam entrevistas à CNN, que coincidiram com o relato do soldado. Todos dizem ter sido capturados por tropas israelenses e forçados a entrarem em lugares perigosos.

Mohammad Saad foi forçado a deixar sua casa no início do ano: "O exército nos levou em um jipe, e nos encontramos dentro de Rafah em um acampamento militar", disse ele. "Eles nos vestiram com uniformes militares, colocaram uma câmera em nós e nos deram um cortador de metal. Nos pediam para fazer coisas como, ‘mova este tapete’, dizendo que estavam procurando por túneis".

Ainda segundo Saad, os militares estavam aterrorizados com explosivos escondidos: "Fomos a um local, e eles me disseram que eu tinha que filmar um tanque deixado para trás pelo exército israelense. Eu estava aterrorizado e com medo de filmar, então eles me bateram nas costas com a coronha de um rifle".

Mohammad Shbeir, de apenas 17 anos, foi levado após matarem seu pai e sua irmã durante um dos ataques: "Eu estava algemado e vestindo apenas minha cueca. Eles me usaram como um escudo humano, me levando para casas demolidas, lugares que poderiam ser perigosos ou conter minas terrestres", disse o garoto.

O Dr. Yahya Khalil Al-Kayali também foi obrigado a deixar sua casa e foi se abrigar próximo ao Hospital Al Shifa, juntando-se a milhares de civis. Posteriormente, o hospital foi tomado por militares israelenses e um grande número de homens foi capturado. "O líder deste grupo, o soldado, me pediu para sair do prédio para encontrar buracos abertos ou túneis no subsolo", disse Al-Kayali.

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