Condenada por cumplicidade em mais de 10.000 assassinatos no campo de concentração de Stutthof, Irmgard Furchner teve sua morte anunciada nas últimas horas
Irmgard Furchner, ex-secretária de um campo de concentração nazista, que foi apelidada de "Secretária do Mal", morreu aos 99 anos, na Alemanha. Dois anos antes, ela passou a enfrentar na Justiça acusações por auxiliar em mais de 10.000 assassinatos.
Segundo o jornal alemão Der Spiegel, Furchner faleceu no último dia 14 de janeiro, mas seu óbito só foi confirmado nas últimas horas pelo promotor local. Ela era secretária do comandante da SS do infame campo de concentração de Stutthof.
No ano passado, Irmgard Furchner havia fracassado numa tentativa de anular uma condenação por ser cúmplice no assassinato de mais de 10 mil pessoas no campo que ficava no norte da Polônia ocupada, durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo repercutido pelo Daily Mail, em agosto de 2024, o Tribunal Federal de Justiça da Alemanha confirmou a condenação dada a Furchner. Acredita-se que entre 63 e 65 mil pessoas foram massacradas no campo de concentração de Stutthof, entre 1939 e 1945.
Furchner foi acusada de fazer parte do aparato que ajudava o campo, sendo condenada por ser cúmplice de assassinato em 10.505 casos e também na tentativa de homicídio em outros cinco.
Em julho do ano passado, durante uma audiência federal em Leipzig, os advogados de Irmgard tentaram colocar em dúvida se ela realmente poderia ser considerada cúmplice, alegando que ela não tinha conhecimento do que acontecia no campo de extermínio; apontando que ela apenas realizava "atividades cotidianas".
Mas o tribunal decidiu que Furchner "sabia e, por meio de seu trabalho como estenógrafa no gabinete do comandante do campo de concentração de Stutthof, de 1º de junho de 1943 a 1º de abril de 1945, apoiou deliberadamente o fato de que 10.505 prisioneiros foram cruelmente mortos", repercute o Daily Mail.
Os assassinatos aconteceram através de gaseamentos, em condições hostis no campo, pelo transporte para o campo de extermínio de Auschwitz e pelo envio em marchas da morte no final da guerra.
Irmgard Furchner foi detida, em setembro de 2021, após tentar fugir no início do julgamento. Ela vivia em uma casa de repouso e pegou um táxi para a estação ferroviária da cidade, mas não conseguiu ir muito longe. Por conta disso, o início de seu julgamento foi atrasado em alguns dias.
