Produzido em meio à ditadura, filme com relato de Eunice Paiva desafiou a censura e circulou por espaços ligados à resistência
Um documentário essencial para a memória política do Brasil, "Eunice, Clarice, Thereza" (1979) ganhou nova vida com a restauração digital em 2K apresentada pela Cinelimite. Realizado em plena ditadura militar, o filme registra os depoimentos impactantes de três viúvas de presos políticos: Eunice Paiva, Clarice Herzog e Thereza Fiel.
O cineasta Joatan Vilela Berbel, então no início de sua trajetória, teve a iniciativa de dar voz a essas mulheres cujas histórias já começavam a mobilizar a opinião pública por meio da imprensa.
Percebendo a força transformadora de seus testemunhos, Berbel reuniu uma equipe que incluía Silvio Da-Rin, Noilton Nunes e José Carlos Avellar para realizar o documentário. As três mulheres, com coragem notável, aceitaram compartilhar suas experiências diante das câmeras, em um ato que desafiava a censura e o risco de retaliações.
Produzido sob vigilância e ameaças, "Eunice, Clarice, Thereza" circulou por sindicatos, cineclubes e espaços ligados à resistência, tornando-se um instrumento importante de mobilização durante o período. Décadas depois, o filme mantém sua relevância como um documento histórico indispensável, oferecendo um raro testemunho em primeira pessoa sobre o trauma e a luta por justiça em tempos de autoritarismo.
A restauração em 2K, feita a partir de cópia preservada no Arquivo Nacional, especialmente no acervo da Comissão Nacional da Verdade, recupera as cores originais e corrige danos acumulados ao longo dos anos. O filme pode ser conferido por meio deste link.