Apesar de cultivar uma imagem de vigor — com fotos montado a cavalo e promovendo esportes como o judô —, rumores sobre doenças graves acompanham Putin
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 28/03/2025, às 18h30
Em meio a negociações indiretas sobre o futuro da guerra na Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky abordou um dos temas mais sigilosos envolvendo Vladimir Putin: sua saúde.
Durante uma entrevista ao serviço de notícias da Eurovision, Zelensky afirmou que o maior temor do presidente russo é a "desestabilização da sociedade", algo que, segundo ele, seria consequência das próprias ações de Putin. Em seguida, fez uma declaração direta sobre a mortalidade do líder russo:
"Ele morrerá em breve, isso é um fato, e tudo estará acabado".
A saúde de Putin, de 72 anos, sempre foi cercada por mistério e especulação. O Kremlin raramente comenta o assunto, mas teorias sobre seu estado físico e mental acompanham sua trajetória desde que assumiu o poder, em 2000.
Apesar de cultivar uma imagem de vigor — com fotos montado a cavalo sem camisa e promovendo esportes como o judô —, rumores sobre doenças graves surgem recorrentemente.
As primeiras dúvidas sobre a saúde de Putin surgiram logo após ele substituir Boris Yeltsin. Em 2003, o jornal Kommersant sugeriu que o presidente russo sofria de uma forma grave de eczema, apontando o uso constante de roupas largas.
Em 2005, a revista The Atlantic questionou seu caminhar supostamente irregular e levantou hipóteses como sequelas de um AVC no nascimento ou poliomielite na infância.
Em 2008, um estudo do Colégio de Guerra Naval dos EUA, vinculado ao Pentágono, sugeriu que Putin teria síndrome de Asperger, o que, segundo o documento, afetaria suas decisões.
O tema mais recorrente, no entanto, tem sido o câncer. Desde 2014, publicações internacionais alegaram que Putin teria tumores na medula espinhal e no pâncreas.
Em 2020, o cientista político Valery Solovei afirmou que ele havia passado por uma cirurgia para remover tumores malignos e teria doenças como Parkinson e hanseníase.
A pandemia da Covid-19 reforçou o sigilo sobre Putin. Durante esse período, ele passou a evitar aparições públicas, o que alimentou especulações. Em 2022, após a invasão da Ucrânia, rumores ganharam força.
O site russo Proekt indicou que Putin recebia visitas regulares de um oncologista, e fontes da inteligência dos EUA, citadas pela revista Newsweek, afirmaram que ele teria sido tratado para um câncer avançado.
O tabloide britânico Sunday Mirror chegou a afirmar que Putin teria apenas "dois ou três anos de vida". Já outras teorias sugeriam que ele teria sido substituído por um sósia. Em 2023, o próprio Zelensky questionou publicamente se Putin ainda estava vivo, e canais do Telegram alegaram que ele teria morrido em outubro daquele ano.
Apesar da enxurrada de rumores, agências de inteligência ocidentais indicam que Putin está "saudável até demais". O Kremlin nega todas as alegações e reforça que a lei russa não exige a divulgação de informações médicas sobre o presidente.
A constante especulação sobre a saúde de Putin remete à era soviética, quando a ausência de informações oficiais levava à Kremlinologia — prática de analisar detalhes sutis para tentar entender o funcionamento do governo.
Algo semelhante ocorre hoje com a Coreia do Norte, onde rumores sobre a morte de Kim Jong-un surgiram em 2020, mas nunca se confirmaram.
Enquanto o sigilo se mantém, a saúde de Putin continua sendo um dos maiores mistérios do cenário geopolítico global.
