Laudo aponta infestação de cupins e deterioração em templo centenário no Centro; local é gerido por família investigada por desvios
A recente e trágica queda do teto da Igreja de São Francisco de Assis em Salvador, que resultou em morte e feridos, parece não ter soado o alarme para algumas irmandades católicas do Rio de Janeiro. Essas instituições, com raízes que remontam aos séculos 16 ao 19 e que outrora detiveram grande parte das propriedades do estado, ainda hoje são proprietárias de inúmeros prédios históricos, incluindo igrejas, muitas das quais clamam por atenção urgente.
Um laudo técnico da empresa Imunegold revela um cenário preocupante para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, localizada na Rua do Rosário, no coração do Centro do Rio. O templo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e fechado há anos, apresenta um "elevado nível de cupins e deterioração".
A situação é ainda mais delicada considerando que a igreja é gerida pela família Rachid, atualmente sob investigação do Ministério Público por acusações de desvios de recursos.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, cuja construção teve início no século 19, abriga um tesouro artístico de valor inestimável: um altar-mor com talha rococó assinada pelo renomado Mestre Valentim, o mesmo artista responsável pela porta do templo. A degradação avançada, evidenciada pelo laudo, coloca em risco não apenas a estrutura do edifício, mas também essa importante herança cultural.
Segndo 'O Globo', a negligência com a conservação de bens históricos por parte de algumas dessas irmandades levanta sérias questões sobre a responsabilidade na gestão desse vasto patrimônio. Enquanto a memória e a segurança são ameaçadas pela deterioração, a tragédia ocorrida em Salvador serve como um doloroso lembrete das consequências da falta de manutenção adequada em construções antigas.