Durante a audiência desta segunda-feira, 20, na Corte de Haia, um representante da África do Sul comparou o apartheid com a ocupação israelense na Palestina
Nesta terça-feira, 20, a Corte de Haia realizou o segundo dia de audiências para avaliar as consequências da ocupação de Israel na Palestina.
Durante a sessão, representantes da África do Sul acusaram o governo israelense de realizar um apartheid “mais extremo” do que o imposto no país africano até 1994.
Como sul-africanos, percebemos, vemos, ouvimos e sentimos profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime israelense como uma forma ainda mais extrema de apartheid institucionalizado contra os negros em meu país", afirmou o embaixador sul-africano na Holanda, Vusumuzi Madonsela.
A corte, o mais alto órgão judicial da ONU, realiza uma série de audiências até a próxima segunda-feira, 26, para examinar as consequências legais da ocupação israelense dos territórios palestinos desde 1967.
Além da Faixa de Gaza, onde ocorre o atual conflito entre Israel e o Hamas, as análises também incluem a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Essas audiências foram convocadas em resposta a um pedido da Assembleia-Geral da ONU, e as opiniões expressadas não são vinculativas, ou seja, é esperado que Israel as rejeite. Representantes de mais de 50 países, incluindo potências globais como Estados Unidos, Rússia e China, irão discursar.
“O apartheid israelense deve acabar”, frisou Madonsela em seu discurso, que abriu o segundo dia de audiências. Conforme repercutido pelo jornal Folha de S. Paulo, ele também afirmou que a África do Sul tem uma “obrigação especial” em denunciar qualquer tipo de segregação, onde quer que ela ocorra.
Durante a sessão, o representante sul-africano pediu que a corte emita um parecer jurídico não vinculante apontando que a ocupação israelense dos territórios palestinos é ilegal, pois, tal declaração contribuiria para que as partes cheguem a um acordo.
Na segunda, 19, representantes palestinos já haviam acusado Israel de impor um apartheid e também pediram ao tribunal que declarasse a ocupação israelense ilegal.
Segundo o chanceler da Autoridade Nacional Palestina, que governa parcialmente a Cisjordânia ocupada, o parecer consultivo da corte poderia contribuir para uma solução de dois Estados e, assim, estabelecer uma paz duradoura.
Israel não está participando das audiências, mas enviou uma declaração por escrito, afirmando que um parecer consultivo seria prejudicial para a obtenção de um acordo com os palestinos.
Acredita-se que os juízes da Corte de Haia podem levar até seis meses para emitir um parecer sobre o que foi discutido durante as audiências desta semana.