Tendo seu embrião modificado em laboratório, a pequena Kavya foi concebida para doar medula óssea ao seu irmão — em um procedimento que está sendo bastante criticado
Já faziam sete anos que a família Solanki lutava contra uma doença arrebatadora, em Gujarat, na Índia. Depois de muitas pesquisas, Sahdevsinh e sua esposa conseguiram salvar seu filho, mas o método utilizado está gerando diversas polêmicas.
O pequeno Abhijit foi diagnosticado com talassemia quando tinha apenas 10 meses. Segundo filho do casal indiano, ele visitava o hospital frequentemente para as rotineiras transfusões de sangue, já que nenhuma cura para a doença estava ao alcance da família.
Com seis anos, inclusive, o menino chegou a fazer 80 transfusões, segundo explicou seu pai ao Geeta Pandey da BBC. Eventualmente, Sahdevsinh descobriu que, com um transplante de medula óssea, o menino nunca mais precisaria lidar com a doença.
A cura, no entanto, parecia mais distante do que nunca, já que nem mesmo a irmã mais velha de Abhijit possuía um material compatível com o do menino. Em 2017, então, com poucas esperanças, a família descobriu os "irmãos salvadores".
De maneira geral, os embriões desses bebês são modificados em laboratório, a fim de eliminar os genes causadores de doenças. Uma vez nascidos, os "salvadores" doam células, órgãos ou medula óssea para os irmãos que precisam.
Para os Solanki, essa era a chance de salvar a vida de Abhijit. Dessa forma, a pequena Kavya nasceu, em outubro de 2018. Quando tinha 18 meses, então, a menina foi submetida ao procedimento de extração de medula óssea, em março de 2019.
O tecido foi rapidamente transplantado para Abhijit, que já tinha 7 anos, e o menino se curou da talassemia de uma vez por todas. Após a doação, a pequena Kavya teve uma recaída, mas ficou completamente saudável com a ajuda dos médicos responsáveis.
Considerada a primeira "irmã salvadora" da Índia, a menina é bastante amada pelos pais, mas está gerando várias polêmicas no país. Isso porque, para muitos, a escolha da família em criar um bebê no laboratório talvez não tenha sido ética.
"Todos os pais querem filhos saudáveis e não há nada de antiético nisso", explicou Sahdevsinh, que ficou indignado com os questionamentos. Para ele, "não é adequado" que estranhos julguem as escolhas de sua família. "As pessoas têm filhos por todos os tipos de razões. Por que examinar meus motivos?".