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Notícias / Arqueologia

Primeiro aqueduto romano da Eslováquia é descoberto sob mansão histórica

Arqueólogos encontraram notável aqueduto romano do século 2 na histórica Mansão Rusovce, em Bratislava, capital da Eslováquia; confira!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 25/03/2025, às 14h00

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Mansão Rusovce e parte de aqueduto romano descoberto - Divulgação/Universidade de Trnava
Mansão Rusovce e parte de aqueduto romano descoberto - Divulgação/Universidade de Trnava

Recentemente, arqueólogos descobriram sob a histórica Mansão Rusovce, localizada em Bratislava, capital da Eslováquia, um impressionante e notável aqueduto romano do século 2 d.C.. Esse é o primeiro achado do tipo já feito no país, e fornece uma nova visão sobre como era a infraestrutura romana da região no passado.

Segundo o Archaeology News, a Mansão Rusovce é um prédio neogótico do século 19, que foi construído onde, outrora, havia uma mansão erguida no século 16. Porém, a história da região é ainda mais antiga, visto que ali existiu o acampamento imperial romano Gerulata, que era parte do Danubian Limes, o sistema de defesas de fronteira do Império Romano.

Hoje, a mansão e seu parque estão passando por um extenso trabalho de restauração que, recentemente, revelou o aqueduto e outros aspectos da história local. Os responsáveis pelas escavações são uma equipe arqueológica do Departamento de Arqueologia Clássica da Universidade de Trnava, liderados pelo professor Erik Hrnčiarik.

Mansão Rusovce / Crédito: Divulgação/Universidade de Trnava

Descobertas

Conforme repercutiram os arqueólogos em comunicado da Universidade de Trnava, o aqueduto possui cerca de 38 metros de comprimento, e foi construído com pedras e tijolos romanos conhecidos como tegulae. O sistema foi construído com uma inclinação suave, que permitia o transporte de água para um edifício antigo, possivelmente um balneário de soldados de Gerulata.

Até o momento, os pesquisadores não conseguiram identificar exatamente onde ficava o balneário, mas marcadores históricos sugerem que ele pode ter sido construído sob a ala sul da mansão. Infelizmente, parte da estrutura original foi destruída com o tempo, em especial durante a construção de edifícios medievais e modernos.

O estado de preservação do aqueduto é extraordinário. Nós documentamos 38 metros do aqueduto até agora. Sua preservação é extraordinária. Cálculos indicam que os romanos usaram pelo menos 51 toneladas de pedra e mais de 80 tegulae. Alguns dos tijolos têm selos de fabricantes, enquanto outros apresentam pegadas de animais deixadas por eles enquanto secavam ao sol", complementa em comunicado o professor Hrnčiarik.
Vista aérea do local da escavação e do aqueduto / Crédito: Divulgação/Universidade de Trnava

Vale mencionar também que há inscrições em alguns dos tijolos, entre as quais percebe-se "C Val Const Kar". Especialistas sugerem que isso indique que aquele tijolo seria originário da oficina de Gaius Valerius Constans, que trabalhou em Carnuntum, onde hoje é a Áustria — o que serviu para indicar que o aqueduto foi construído em meados do século 2 d.C., e funcionou até o fim do século, antes de ser enterrado.

Além do aqueduto, os arqueólogos também encontraram outros itens, referentes a diversos períodos históricos, como cerâmicas romanas — peças de alta qualidade, importadas das atuais França e Alemanha —, vidro de janela, um bracelete de prata e uma bolsa de moedas antiga. Isso além de assentamentos do início da Idade Média e da Idade do Ferro.

Outro artefato não romano que chamou bastante atenção, encontrado nas escavações, é um forno medieval, que inicialmente foi usado para produzir tijolos mas, posteriormente, foi reaproveitado para queima de cal. "Acreditamos que o forno foi usado para processar estátuas de mármore e relevos encontrados no acampamento romano abandonado nas proximidades", comenta o arqueólogo Tomáš Kolon no comunicado.

Havia ali também uma grande sala circular subterrânea, que foi identificada pelos especialistas como uma casa de gelo moderna. Essa parte possivelmente era utilizada pela família Zichy, proprietários da mansão no século 19, e armazenava gelo durante o inverno, para que pudesse ser utilizado no verão para conservar alimentos e gelar bebidas.

Agora, as escavações no terreno da mansão seguem em andamento, e os arqueólogos estão focados na área ao redor dos antigos alojamentos dos empregados. Após a conclusão desta etapa, os arqueólogos pretendem retornar à mansão, onde devem realizar mais escavações de resgate posteriormente.