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Notícias / Paleontologia

Pesquisadores encontram fóssil de lontra do tamanho de um leão na Etiópia

A espécie extinta pesava cerca de 200 kg e possuía hábitos muito diferentes das lontras atuais

Éric Moreira, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 10/09/2022, às 14h20

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Imagem meramente ilustrativa de lontra - Foto por Peter Hoare pelo Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de lontra - Foto por Peter Hoare pelo Pixabay

Durante uma pesquisa de colaboração internacional, chefiada por estudiosos da Universidade de Poitiers, na França, uma descoberta impressionante foi feita: os paleontólogos identificaram fósseis de uma antiga espécie, já extinta, de lontra. As pesquisas aconteciam no Vale do Baixo Omo, no sudoeste da Etiópia.

No entanto, o mais impressionante sobre o animal era seu tamanho; enquanto hoje se é possível encontrar lontras de tamanhos comparáveis aos de cachorros, este animal tinha o tamanho aproximado de um leão adulto moderno. A espécie Enhydriodon omoensis viveu entre 2,5 milhões e 3,5 milhões de anos atrás e pesava cerca de 200 quilos, de forma a serem as maiores lontras já existentes, já descritas.

Imagem esquematizada comparando tamanho de lontra descoberta com humanos atuais, primitivos e lontras modernas
Imagem esquematizada comparando tamanho de lontra descoberta com humanos atuais, primitivos e lontras modernas / Crédito: Divulgação/CNRS – Université de Poitiers/Palevoprim/Sabine Riffaut, Camille Grohé

Além disso, também se sabe que as lontras povoaram principalmente as regiões da Eurásia e da África no período entre 6 e 2 milhões de anos atrás, sendo o gênero Enhydriodon o mais comum de ser encontrado. O artigo que descreve a espécie de lontra foi publicado na edição da última segunda-feira, 5, da revista científica francesa Comptes Rendus Palevol, como informado pela Revista Galileu.

Outras diferenças

No entanto, o que mais difere a Enhydriodon omoensis de outras espécies de lontras, tanto das atuais quanto das mais antigas, além de seu tamanho, era sua dieta e habitat: o animal se alimentava de forma semelhante a outros animais terrestres, e até mesmo habitava mais a terra do que a água.

Seus dentes sugerem que ela não era aquática, como todas as lontras modernas", explica Kevin Uno, geoquímico da Columbia Climate School e coautor do estudo, em comunicado. "Descobrimos que tinha uma dieta de animais terrestres, também diferente das lontras modernas."

A descoberta foi feita a partir de uma análise de isótopos de oxigênio e carbono no esmalte dos dentes dos espécimes descobertos, o que pode indicar de certa forma em que habitat o animal costumava viver. Enquanto os valores obtidos pela análise de lontras atuais se aproxima aos de hipopótamos — outro animal semiaquático —, a Enhydriodon omoensis tinha valores mais semelhantes aos de grandes felinos e hienas.

Para os próximos passos do projeto, os pesquisadores planejam realizar mais estudos sobre o esmalte dentário dos animais, além da estrutura de seus ossos, a fim de entender perfeitamente o tipo de ecossistema em que habitavam e as causas de sua extinção.

+Confira o estudo completo da publicação em inglês clicando aqui