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Notícias / Argelinos

O que foi o massacre de manifestantes argelinos ocorrido há 63 anos

Abertura das olimpíadas, nesta sexta-feira, 26, relembrou o tétrico massacre de manifestantes argelinos, ocorrido há mais de 60 anos

Redação Publicado em 26/07/2024, às 15h06 - Atualizado em 31/07/2024, às 17h48

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Homenagem feita para os argelinos massacrados há mais de 60 anos - Getty Images
Homenagem feita para os argelinos massacrados há mais de 60 anos - Getty Images

Durante a cerimônia de abertura das olimpíadas em Paris, na última sexta-feira, 26, o evento relembrou um dos capítulos mais tenebrosos da História: o massacre de manifestantes argelinos, que ocorreu em 1961.

Em um relato marcante sobre um dos momentos mais vergonhosos da história colonial francesa, Hocine Hakem, uma testemunha argelina, relembrou o horror vivido há mais de 60 anos, quando cerca de 30.000 argelinos protestavam pacificamente pelas ruas de Paris contra um toque de recolher e em favor da independência, após quase sete anos de conflito pela libertação do domínio francês no Norte da África, repercute a BBC Internacional.

Este conflito ocasionalmente se estendia às ruas da capital francesa. No dia 17 de outubro de 1961, a repressão policial resultou na morte de pelo menos 100 manifestantes, com alguns sendo brutalmente lançados ao Rio Sena.

Massacre silenciado

Hakem, conforme a BBC, explicou que tinha apenas 18 anos na época e fazia parte dos aproximadamente 14.000 argelinos detidos durante essa operação sangrenta. O episódio até mesmo ficou conhecido extraoficialmente como "ratonnade", ou seja "caça aos ratos". 

A perseguição, inclusive, continuou após 17 de outubro: autoridades prendiam pessoas no transporte público e até mesmo realizava busca em residências. Até mesmo bombeiros e vigilantes passaram a perseguir os argelinos, explicou a BBC. 

Como resultado, inúmeros foram deportados na ilegalidade para a Argélia e deixados em campos de concentração. O pesadelo só chegou ao fim após o fim da guerra e a independência, ocorrida em julho de 1962. 

A cobertura governamental e a censura à imprensa silenciaram o massacre por décadas, com relatórios oficiais da época apontando apenas três óbitos, incluindo um francês, e omitindo completamente a gravidade dos acontecimentos.

Apesar dos esforços para apagar essa página infame da história, documentos oficiais sobreviventes revelam a extensão das atrocidades cometidas. Relatos chocantes, como os fornecidos por Brigitte Lané, então curadora dos arquivos parisienses em 1999, descrevem cenas horríveis de corpos com ferimentos graves e evidências de violência extrema.

O historiador francês Fabrice Riceputi destaca esse episódio em seu livro mais recente, enfocando o trabalho incansável do pesquisador Jean-Luc Einaudi na coleta de testemunhos sobre o massacre. Apesar das dificuldades em confirmar o número exato de vítimas, estima-se que entre 200 e 300 argelinos tenham perdido suas vidas naquela fatídica data.

A narrativa oficial só começou a mudar em 2012 quando o então presidente François Hollande reconheceu a ocorrência do massacre. Recentemente, no sexagésimo aniversário do evento, o presidente Emmanuel Macron descreveu os crimes cometidos sob as ordens do chefe de polícia da época como "injustificáveis".

No entanto, ainda falta um pedido formal de desculpas e reconhecimento completo por parte do estado francês sobre o papel que desempenhou na tragédia.