Análises revelaram que esboço de selo dinamarquês tem notáveis semelhanças com os desenhos de cavalo e cavaleiro estampados no metal do capacete
Uma nova evidência arqueológica sugere que o famoso capacete do século 7 encontrado em Sutton Hoo, na Inglaterra, pode ter sido fabricado no sul da Escandinávia, conforme repercute o portal Live Science.
A hipótese surgiu após a descoberta, na Dinamarca, de um molde ou carimbo de bronze que retrata um guerreiro montado a cavalo.
Análises revelaram que o esboço do selo dinamarquês tem notáveis semelhanças com os desenhos de cavalo e cavaleiro estampados no metal do capacete cerimonial. O artefato foi descoberto em 1939, durante escavações de um enterro anglo-saxão em Sutton Hoo, no leste da Inglaterra.
O capacete é construído a partir de uma fusão de estilos artísticos do norte da Europa e do mundo romano, sendo reconstruído a partir de centenas de fragmentos encontrados no local.
Junto a ele, foram desenterrados diversos bens funerários ornamentados, como instrumentos musicais, joias, utensílios de mesa, armas e armaduras, todos pertencentes a uma câmara funerária construída no convés do navio enterrado.
Hoje considerado um ícone da cultura anglo-saxônica, o capacete apresenta uma máscara facial característica e é associado à nobreza guerreira que se estabeleceu no leste da Grã-Bretanha durante o início do período medieval.
Os especialistas sempre acreditaram que os ferreiros anglo-saxões tinham a habilidade para fabricar esse tipo de artefato, mas a nova descoberta fortalece a ideia de que sua origem pode ser estrangeira.
De acordo com depoimento de Morten Axboe Pentz, pesquisador do Museu Nacional da Dinamarca, à Live Science, os motivos de cavalo e guerreiro no capacete Sutton Hoo não são idênticos aos do selo, mas apresentam semelhanças marcantes, como as representações das orelhas, crinas, narizes e caudas dos cavalos.
Além disso, o selo possui exatamente o mesmo tamanho dos painéis metálicos decorativos do capacete exposto no Museu Britânico, em Londres.
Especialistas no Reino Unido receberam a notícia com entusiasmo. Para a historiadora Helen Gittos, da Universidade de Oxford, a semelhança entre os desenhos reforça a conexão entre as elites militares do noroeste da Europa na época.
Gittos, que recentemente publicou um artigo sobre o tema, sugere à Live Science que o capacete e outras descobertas indicam que nobres anglo-saxões podem ter servido como mercenários no Império Bizantino.
O arqueólogo Howard Williams, da Universidade de Chester, também destaca ao portal a relevância da descoberta. Segundo ele, o desenho do selo dinamarquês é o paralelo mais próximo já encontrado para os desenhos que decoram o capacete de Sutton Hoo.
Para Williams, é provável que o capacete tenha sido produzido no sul da Escandinávia no final do século VI ou início do século VII, ou pelo menos tenha sido fortemente influenciado pelo estilo artístico da região.
"Os desenhos de Taasinge e Sutton Hoo são semelhantes, mas não idênticos, refletindo um design popular usado em capacetes em uma ampla região", conclui Williams à Live Science.