Massacre em Cité Soleil, no Haiti, deixou mais de 100 idosos mortos após líder de gangue ordenar chacina, acusando as vítimas de bruxaria
A violência no Haiti atingiu um novo patamar com o massacre de pelo menos 110 idosos na favela de Cité Soleil, no fim de semana. O líder da gangue Wharf Jeremie, Monel "Mikano" Felix, ordenou a chacina após acusar as vítimas de causar a doença de seu filho através de feitiçaria.
Segundo a Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos, membros da gangue mataram as vítimas, todas com mais de 60 anos, usando facões e facas. O crime chocou o país e expôs a fragilidade das instituições haitianas diante do avanço das gangues armadas.
Cité Soleil, uma das áreas mais pobres e violentas do país, tem sido palco de inúmeros confrontos entre gangues rivais. O controle rígido exercido pelas facções criminosas dificulta a apuração de crimes e a proteção da população civil.
A morte do filho de Felix, na tarde do último sábado, 7, motivou o líder da gangue a ordenar o massacre. A decisão foi tomada após consulta a um sacerdote de vodu, que teria acusado os idosos da comunidade de praticarem bruxaria contra a criança.
Segundo a 'Folha de S. Paulo', a crise humanitária no Haiti se agrava a cada dia. As gangues controlam vastas áreas do país, impondo um regime de terror à população. Sequestros, assassinatos e extorsões são comuns.
O governo haitiano, fragilizado por disputas políticas, tem sido incapaz de conter a violência. As forças de segurança são insuficientes e mal equipadas para enfrentar as gangues armadas.
Diante da gravidade da situação, o governo haitiano solicitou apoio internacional. As Nações Unidas aprovaram uma missão de segurança para o país, mas a iniciativa ainda não foi totalmente implementada devido à falta de recursos.
A comunidade internacional tem sido pressionada a agir para evitar uma catástrofe humanitária no Haiti. No entanto, a falta de consenso entre os membros do Conselho de Segurança tem dificultado a adoção de medidas mais contundentes.
O massacre de Cité Soleil é apenas o último de uma série de atrocidades cometidas por gangues no Haiti. Em novembro de 2018, pelo menos 71 civis foram mortos em La Saline, outra favela de Porto Príncipe. Em outubro de 2022, mais de 115 pessoas foram massacradas em Pont-Sondé.