A suspeita dos peritos é de que o Nobel de Literatura tenha sido envenenado após o golpe de Augusto Pinochet, em 1973
Redação Publicado em 31/01/2023, às 13h23
Nesta terça-feira, 31, Mario Carroza, juiz coordenador nacional de Direitos Humanos do Chile, declarou que as investigações das provas sobre o caso Pablo Neruda, que visa determinar a causa da morte do poeta chileno aos 69 anos durante a ditadura militar de Augusto Pinochet, entrou em fase final. Em entrevista coletiva, ele afirmou:
Estamos prestes a encerrar uma investigação que nos parece transcendental".
Segundo informações publicadas pelo jornal O Globo, a equipe que investiga as evidências do possível assassinato de Neruda, que era opositor da ditadura na época, conta com 16 peritos judiciais e médicos locais e internacionais, como Canadá, Reino Unido, Alemanha, El Salvador, Dinamarca e Estados Unidos.
De acordo com o El País, a equipe de profissionais investiga a versão apresentada em outubro de 2017, quando um grupo de peritos confirmou que o escritor não morreu de câncer, como foi anunciado em 1973, mas sim em decorrência de uma toxina chamada Clostridium botulinium, encontrada em seus restos mortais.
Em entrevista, Paola Plaza, juíza que comanda o caso, explicou a respeito das suspeitas do assassinato de Neruda, 12 dias depois da instauração do golpe de Estado por Pinochet:
Quando estava sendo feita uma análise proteômica e genômica de diferentes bactérias, apareceu esse achado. É por isso que surgiu este terceiro painel que se concentra no estudo do DNA da substância encontrada".
Ela ainda ressaltou:
Não é normal uma pessoa ter essa substância, mas isso pode ter muitas causas. A tese da denúncia é que a substância foi inoculada para causar a morte. O painel genômico deve esclarecer essas suspeitas".
O relatório final, que também conta com a participação de dois advogados e um sobrinho de Neruda, está previsto para ser entregue às autoridades de Santiago no dia 7 de março.
Por fim, conforme dados oficiais, a ditadura no Chile deixou mais de 3.200 mortos e 38.000 torturados ao longo do regime.
