Cineasta havia sido convidado para participar do Festival Internacional do Filme do Rio de Janeiro
O mundo recebeu a notícia de que cineasta Jean-Luc Godard morreu, aos 91 anos, na terça-feira, 13. Segundo o jornal francês Libération, a decisão do diretor foi de recorrer ao suicídio assistido na Suíça, onde o procedimento é autorizado.
Quando a ditadura militar estava acontecendo no Brasil, Godard recebeu um convite para participar do Festival Internacional do Filme do Rio de Janeiro. No entanto, o cineasta se recusou a visitar o Brasil durante o período de autoritarismo.
Um documento publicado pelo jornal O Globo mostra como a Embaixada Brasileira em Paris foi informada de que o diretor havia recusado o convite. A mensagem havia sido enviada à Secretaria de Estado das Relações Exteriores em 24 de setembro de 1965.
“A embaixada do Brasil em Paris cumprimenta a Secretaria de Estado das Relações Exteriores e tem a honra de remeter-lhe, em anexo, recorte do jornal ‘Le Monde’, de 23 do corrente mês, com comentários sobre um eventual telegrama que o diretor Jean-Luc Godard teria enviado aos organizadores do Festival Internacional do Filme no Rio de Janeiro, ao recusar o convite que lhe fora dirigido para participar da Delegação francesa no referido certame”, diz o documento.
O texto acrescenta: “De positivo, sabe-se, apenas, que, há dias, Jean-Luc Godard cancelou junto à ‘Varig’ de Paris a passagem que lhe fôra oferecida”.
De acordo com O Globo, Godard teria sido motivado a cancelar sua viagem ao Brasil devido a sua amizade com João Goulart, manifestando-se contra as perseguições sofridas pelo ex-presidente durante o período ditatorial brasileiro.
A recusa do diretor, que foi inicialmente repercutida pelo jornal francês Le Monde na época, foi narrada pelo historiador Paulo César Gomes no livro "Liberdade vigiada: As relações entre a ditadura militar brasileira e o governo francês" (2019).