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Notícias / Arqueologia

Fóssil misterioso descoberto em Taiwan tem origem confirmada

A peça, batizada de Penghu 1, foi descoberta por pescadores no fundo do oceano e deixou cientistas intrigados por mais de uma década

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 11/04/2025, às 16h30

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Nova descoberta liga fóssil aos hominídeos - Divulgação/Yusuke Kaifu/Cheng-Han Sun
Nova descoberta liga fóssil aos hominídeos - Divulgação/Yusuke Kaifu/Cheng-Han Sun

Em 2010, um paleontólogo de Taiwan se deparou com um fóssil intrigante: uma mandíbula que lembrava a de um gorila, mas que acabou revelando um capítulo inédito da história humana

A peça, batizada de Penghu 1, foi descoberta por pescadores no fundo do oceano e deixou cientistas intrigados por mais de uma década. Agora, 15 anos depois, o enigma foi solucionado: trata-se de um fóssil de denisovano, uma espécie humana arcaica próxima dos neandertais.

A descoberta, publicada nesta semana na revista Science, muda o que se sabia sobre a distribuição geográfica dos denisovanos. Até então, fósseis desse grupo haviam sido encontrados apenas na Sibéria e no Tibete. 

Com a identificação do fóssil taiwanês, Taiwan entra no mapa dos denisovanos — um avanço importante para a compreensão da presença desse grupo na Ásia.

Descoberta

A análise foi liderada por Chun-Hsiang Chang, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Taiwan. Chang conheceu a mandíbula por meio de um colecionador particular. A princípio, pensou tratar-se de um osso de gorila, mas percebeu que havia algo diferente. 

O formato da mandíbula não era em U, típico dos primatas, mas se projetava para frente — uma característica mais próxima dos humanos. No entanto, faltava o queixo saliente dos Homo sapiens.

Pensei que parecia humana, mas não de um humano moderno”, contou Chang ao New York Times.

Convencido da importância da peça, Chang conseguiu que o colecionador a emprestasse ao museu e iniciou uma colaboração internacional para investigar sua origem.

Determinar a idade do fóssil foi um dos maiores desafios, já que sua localização exata no fundo do mar era desconhecida. A partir da análise química, os pesquisadores notaram semelhanças com fósseis de hiena asiática datados de cerca de 400 mil anos.

Taiwan estava separado do continente na época, mas em períodos de maré baixa, pontes de terra ligavam as regiões. A hipótese é que o hominídeo viveu durante um desses períodos de conexão terrestre.

Hipóteses

A suspeita de que a mandíbula pertencesse a um denisovano já existia desde o início, especialmente por conta da semelhança de um dente com outro encontrado na caverna Denisova, na Sibéria, em 2010. Ainda assim, faltavam evidências concretas.

Tentativas de extrair DNA do fóssil falharam, e a pesquisa ficou estagnada por anos. Foi só em 2019 que o cientista Frido Welker, especialista em proteínas antigas, trouxe novo fôlego ao caso. 

Fóssil de denisovano - Yusuke Kaifu

Ele havia identificado fragmentos de colágeno em uma mandíbula de 160 mil anos no Tibete e confirmado sua origem denisovana. Motivado por isso, Welker passou a procurar fósseis com características semelhantes — e chegou à mandíbula de Penghu.

Em 2023, o fóssil foi levado a Copenhague, na Dinamarca, para uma nova rodada de análises. O resultado confirmou a hipótese: as proteínas presentes no osso eram compatíveis com as dos denisovanos.

A análise do esmalte dentário também revelou que o fóssil era de um homem adulto, por conter uma versão do gene relacionada ao cromossomo Y, repercute o Olhar Digital.

Com essa confirmação, os cientistas redesenham o mapa da presença denisovana. E acreditam que novas descobertas ainda podem estar escondidas em cavernas do Sudeste Asiático — ou até esquecidas em coleções de museus ao redor do mundo.