O arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, contou que sua vivência em Roma tem sido muito diferente da retratada no filme "Conclave"
O arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, será um dos sete cardeais brasileiros com direito a voto no conclave que, a partir de 7 de maio, escolherá o novo Papa da Igreja Católica, após a morte de Francisco em 21 de abril.
Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que a vivência em Roma nos últimos dias tem sido completamente diferente da retratada no filme 'Conclave', dirigido por Edward Berger e vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Segundo ele, o clima na capital italiana é de “fraternidade” e “proximidade”.
É interessante que esse filme surgiu e está alcançando um interesse muito grande nesse momento que estamos vivendo. Mas o filme é uma ficção. Não reflete aquilo que, ao menos nesses dias, aqui em Roma, eu estou vivendo. Muito pelo contrário. Alguns cardeais não chegaram, mas nos dias que estou aqui encontrei muita fraternidade, proximidade, interesse em saber quem somos, o que estamos fazendo. Algo bonito, viu? Uma cordialidade extraordinária”.
Para Dom Jaime, que foi nomeado cardeal por Francisco há poucos meses, a participação no conclave é uma experiência inédita e inesperada. “Estou tentando compreender melhor as normas que regem esse processo e, ao mesmo tempo, tentando conhecer as pessoas que estão envolvidas”, afirmou.
“Aos poucos vamos nos dando conta da responsabilidade do momento. Isso cria uma certa tensão interior, uma angústia positiva. Não é algo psicológico. Por outro lado, gosto de repetir algo simples: quando gostamos do que somos e amamos o que fazemos, de alguma forma é preciso estar pronto para quando for solicitado. Isso me dá tranquilidade. Não pedi para participar, mas me sinto tranquilo e estou disposto a colaborar onde puder”, acrescentou.
Ele comentou sobre os desafios de um processo que reúne cardeais de cerca de 70 nacionalidades e relatou como tem se preparado para exercer seu voto — decisão que ajudará a definir o próximo líder espiritual de aproximadamente 1,4 bilhão de católicos no mundo, conforme estimativas da própria Igreja.
"Ao longo dos anos, o Papa Francisco se esforçou para que o Colégio (dos Cardeais) fosse expressão autêntica da catolicidade. Então nomeou ou criou cardeais realmente das realidades mais distintas. E temos aí diferenças enormes. Alguns podem ver essas diferenças todas como um problema. Eu prefiro ver como uma riqueza. A diferença nos enriquece", destacou.