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Notícias / Arqueologia

Crânio misterioso encontrado em basílica pode ser de lendário rei húngaro

Encontrado em 2002 em basílica de sepultamento de reis na Hungria, crânio misterioso pode pertencer ao lendário rei Matias Corvino

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 30/04/2025, às 12h04

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Gravuras antigas representando Matias Corvino - Getty Images
Gravuras antigas representando Matias Corvino - Getty Images

Em 2002, pesquisadores descobriram durante escavações no corredor sul da Basílica da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, em Székesfehérvár (antiga Alba Regia), na Hungria, um crânio misterioso que, sem saber a quem poderia pertencer, foi marcado apenas como "1/10". Porém, agora, arqueólogos acreditam que ele pode pertencer a um lendário rei húngaro: Matias Corvino.

Matias Corvino — ou Matias I — nasceu em Cluj-Napoca, na Transilvânia, em 1443, e foi um dos mais importantes reis da Hungria, reinado entre 1458 e 1490, sendo também coroado rei da Boêmia em 1469, e também governante da Morávia, da Silésia e da Lusácia.

Ele também ficou muito conhecido na época como "Rei Corvino, o Justo", e foi famoso principalmente por reformar o sistema de justiça vigente em seu reino. Em vez de favorecer as pessoas com base em seu status social, ele valorizava os indivíduos talentosos por suas próprias habilidades.

Além disso, seu reino também foi um dos primeiros a abraçar o Renascimento, que já vinha se espalhando pela Itália e inaugurando uma nova era de arte e ciência. Inclusive, o rei Matias Corvino deteve a famosa Biblioteca Corviniana, sua biblioteca real, que era uma das maiores coleções de livros de toda a Europa, na época.

Outro aspecto memorável de seu reinado é que ele estabeleceu um dos primeiros exércitos profissionais permanentes da Europa medieval, que acabou desempenhando um papel crucial na expulsão de invasões otomanos.

Crânio do rei?

Segundo o Independent, a basílica em que o crânio foi encontrado já é conhecida historicamente por ter sido local de coroação e sepultamento de vários reis húngaros medievais. Porém, ela foi destruída no século 19 após séculos de abandono e danos, inclusive pelos otomanos.

Em 2024, Gábor Emese, do Centro de Pesquisa Gyula László, criou uma série de reconstruções gráficas a partir de crânios encontrados na basílica, e nesse processo o "1/10" se destacou, por apresentar uma semelhança impressionante com o crânio de János Corvinus, filho ilegítimo de Matias cujos restos mortais foram encontrados em Lepoglava, Croácia.

Para confirmar a teoria, a equipe de Emese desenvolveu um modelo 3D e uma reconstrução facial plástica científica completa do crânio. Esses dados foram então enviados ao antropólogo forense alemão Martin Trautmann, para revisão independente, que concordou com a análise de Emese, de que os dois crânios provavelmente pertenciam a pessoas intimamente relacionadas.

"Isso poderia sugerir um parentesco de gêmeos", observou Trautmann, conforme repercute o Archaeology News, "mas o filho de Corvino não tinha nenhum gêmeo conhecido". Por isso, considerando inclusive o local em que o crânio foi encontrado, os pesquisadores acreditam que o crânio "1/10" possa realmente ser do rei Matias.

Inclusive, existem fontes históricas escritas que descrevem o funeral do rei Matias Corvino na catedral em questão, em 1490. "O corpo do rei, coberto de púrpura, foi erguido para um caixão com uma espada, um cetro, uma coroa, um orbe, esporas douradas e um rosto descoberto, em um espaço cuidadosamente escolhido no vestíbulo aberto da basílica", escreveu na época o historiador da corte e poeta de Matias, Antonio Bonfini.

Apesar disso tudo, as autoridades húngaras ainda recomendam cautela, visto que não há nenhuma confirmação da identidade do crânio por meio de métodos como o DNA. "As alegações feitas na imprensa sobre o esqueleto do Rei Matias ainda não foram confirmadas. A verificação científica da hipótese está em andamento. Poderemos fazer uma declaração final após a verificação", declarou em comunicado o Instituto de Pesquisa Húngaro.