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Notícias / Guerra do Vietnã

50 anos depois, bebês retirados do Vietnã durante a guerra buscam suas mães

Nesta quarta-feira, 30, completam-se 50 anos desde o fim da Guerra do Vietnã; data traz à tona histórias pessoais que ainda buscam desfecho

Redação Publicado em 30/04/2025, às 11h17

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Soldados americanos protegendo crianças vietnamitas durante a guerra - Getty Images
Soldados americanos protegendo crianças vietnamitas durante a guerra - Getty Images

Nesta quarta-feira, 30, completam-se 50 anos desde o fim do conflito que devastou o Vietnã. A data traz à tona histórias pessoais que ainda buscam desfecho: milhares de pessoas evacuadas ainda crianças nos últimos dias do conflito retornam agora ao país natal na esperança de reencontrar suas mães biológicas.

No final de abril de 1975, com a queda de Saigon, hoje Cidade de Ho Chi Minh, milhares de crianças foram evacuadas às pressas pelos Estados Unidos. A ação, conhecida como “Operação Babylift”, retirou mais de 3 mil menores do país, sob o argumento de que eram órfãos.

No entanto, nem todos haviam perdido os pais — muitos foram separados de suas famílias sem consentimento, em meio ao desespero e à confusão dos últimos dias do conflito. Um dos primeiros voos da operação terminou em tragédia. Um avião militar Lockheed C-5 Galaxy caiu pouco após a decolagem, matando 138 pessoas, incluindo 78 crianças.

Entre os sobreviventes estava Odile Dussart, hoje advogada, que foi adotada por um casal francês. Aos 51 anos, ela voltou a viver no Vietnã, onde busca vestígios de sua mãe biológica. “Só quero saber se ela está viva ou morta. Quero conhecer sua história. Talvez seja impossível encontrá-la. Mas não perco as esperanças”, afirmou em entrevista à AFP.

Adotada por uma família francesa, ela cresceu sem qualquer vínculo com suas origens. “Não tenho lembranças, nem sons ou cheiros. Sei que eu tinha hematomas nas costas, pescoço e cabeça. Fiquei muito fraca e desidratada. Aos 11 meses, pesava como um bebê de seis”, contou.

"As pessoas que morreram, os militares que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático, as famílias dos militares que perderam membros e os pais que esperavam um bebê e receberam apenas cadáveres são as vítimas do acidente, não eu", acrescentou Dussart, cujo nome vietnamita é Bui Thi Thanh Khiet.

A Guerra do Vietnã

A Guerra do Vietnã (1955-1975) foi travada entre o Vietnã do Norte, comunista, apoiado pela União Soviética e China, e o Vietnã do Sul, alinhado aos Estados Unidos e potências ocidentais.

Segundo a AFP, o governo norte-americano investiu pesadamente no conflito — o equivalente a mais de R$ 4,4 trilhões atuais — tentando barrar o avanço comunista no Sudeste Asiático. Ao longo dos anos, o envolvimento militar e o uso de armas químicas como o agente laranja provocaram devastação ambiental, crise humanitária e uma onda de refugiados.

A retirada das tropas dos EUA começou em 1973, após os Acordos de Paz de Paris. Em 30 de abril de 1975, Saigon foi tomada pelas tropas do Norte, marcando a reunificação do país sob regime comunista. O conflito resultou em cerca de 58 mil mortes entre militares dos EUA e entre 1,1 e 3 milhões de vítimas vietnamitas.

A derrota abalou profundamente a política externa americana, influenciando decisões futuras em conflitos como os do Iraque e Afeganistão, e gerou forte rejeição popular à participação militar — a chamada "síndrome do Vietnã".

Hoje, apesar do passado turbulento, Vietnã e Estados Unidos mantêm relações diplomáticas e comerciais. Em 2023, o então presidente Joe Biden visitou Hanói para reforçar alianças estratégicas diante da crescente influência da China, informou a CNN.

Mas, para quem perdeu laços familiares no conflito, a reaproximação diplomática não encerra feridas pessoais. “Não tenho lembranças da minha infância aqui, mas é como se algo me chamasse de volta”, disse Dussart. “Ainda tenho esperança de encontrar alguma resposta".