Análise genética sugere que o assassinato medieval de 17 pessoas teria motivação antissemita
Uma pesquisa publicada na terça-feira passada, 30, através da revista científica Current Biology, analisou os DNAs de 17 esqueletos encontrados em um poço de Norwich, no leste da Inglaterra.
Os restos mortais, que foram descobertos durante obras realizadas em 2004, datam da Alta Idade Média, pertencendo a indivíduos que viveram entre o século 9 e 10. Um detalhe de relevância é que, dentre os falecidos, estão onze crianças, segundo repercutido pelo Phys.org.
Anteriormente ao estudo, já havia a suspeita de que os ossos eram de vítimas de um massacre antissemita, uma vez que existem registros históricos de cristãos executando episódios de violência desse tipo na região. Norwich, vale mencionar, era habitado por uma comunidade judia no período medieval.
Os esforços dos pesquisadores, por sua vez, reunem mais evidências disso, mostrando que o código genético dos restos mortais possui correspondências com o de descendentes atuais de judeus asquenazes.
Em entrevista ao Phys.org, Mark Thomas, um dos autores do artigo científico, explicou ainda que essa correspondência foi estabelecida ao se verificar a semelhança do DNA dos esqueletos analisados com o de judeus vivos atualmente. Através desse método, foi possível a constatação de uma ascendência compartilhada.
Não existem muitos estudos a respeito da genética das populações judias através da História devido aos princípios da religião judaica, que proíbem a violação de sepulturas de fiéis.
Assim, os esqueletos pertencentes a essas comunidades raramente são acessíveis aos cientistas. Esse contexto torna a análise genética dos 17 indivíduos encontrados no poço medieval ainda mais relevante para a arqueologia. A pesquisadora Caroline Wilkinson chegou a fazer reconstruções faciais de dois dos mortos.
“Não acho que haverá uma enxurrada de genomas antigos de asquenazes ou judeus no futuro, mas acho que onde mais dados estiverem disponíveis, provavelmente será por uma rota semelhante à que fizemos. Ou seja, eles identificam restos humanos onde não há evidências que sugiram que sejam judeus ou qualquer outra coisa, e então alguém faz o trabalho genético e obtém uma indicação de que são", concluiu Thomas ainda.
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