Para Lula, Dilma não cabe em um ministério por ter "a grandeza de ter sido a primeira mulher presidente da história deste país"
Dilma Rousseff foi a candidata escolhida para representar o PT e substituir Lula — eleito recentemente para ser presidente a partir de 2023 — em 2011, após seus dois mandatos de governo, tendo sido eleita em 2010 com 56,05% dos votos. Visto isso, muito se sabe sobre a boa relação entre os dois líderes políticos, e admiração que um tem pelo outro, o que já foi muitas vezes comentado por ambas pessoas.
Por isso, muito se especulou se havia a possibilidade de Dilma ser indicada para algum ministério para o novo governo de Lula (PT), a partir de 2023. No entanto, o mais provável de acontecer mesmo é a indicação da ex-presidenta para um cargo fora do Brasil, como informado pela colunista Mônica Bergamo em texto à Folha de S. Paulo.
A ideia da indicação a cargo no exterior seria acompanhada por um resgate histórico de Dilma como presidente do Brasil, que sofreu impeachment em 2016 — o que Lula sempre classificou como um 'golpe'. Além disso, o amplo trânsito dela entre os líderes internacionais favorece a decisão, e depende principalmente do desejo de Rousseff.
Ao longo das campanhas eleitorais de 2022, tanto de Lula(PT) quanto de Bolsonaro (PL), o nome de Dilma foi diversas vezes mencionado — ainda mais porque enquanto um a defende, outro a abomina, além de ela ter deixado o cargo com um impeachment e bastante mal avaliada.
Tem muita gente que, na perspectiva de criar confusão entre nós dois, fala para mim: 'Você vai levar a Dilma para um ministério? Você vai levar o José Dirceu para um ministério?' Nem eu vou levar e jamais a Dilma caberia em um ministério, porque Dilma tem a grandeza de ter sido a primeira mulher presidente da história deste país", já disse Lula após um comício realizado em maio deste ano, em São Paulo.
Assim, Lula sempre fez questão de elogiar e dar destaque à ex-presidente Dilma em diversos momentos de sua campanha — o que, de acordo com Mônica Bergamo, incomodava estrategistas da campanha de Lula, que temiam que as afirmações espantassem o eleitorado que votava no petista mais por aversão a Bolsonaroque admiração pelos governos anteriores.
Bolsonaro, por sua vez, se referia sempre ao governo do PT de 14 anos consecutivos como "governo Lula-Dilma", visando atribuir a rejeição que Dilma tinha ao então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula. Apesar disso, no discurso de vitória feito por Lula no último domingo, 30, o recém-eleito voltou a fazer elogios a companheira política, ovacionada pelos que estavam na celebração.