Entre 1984 e 2014, desigualdade de renda no Brasil diminuía
Desde 1984, com o início de redemocratização do Brasil — pouco antes do fim da Ditadura Militar —, até o ano de 2014, o país passava por um processo de inclusão social gradativo, com crescimento da renda da população mais pobre em relação aos mais ricos, graças não só ao aumento dos salários, mas também à criação de políticas públicas voltadas à população mais vulnerável.
No entanto, a partir de 2015, esse movimento começou a desacelerar, com a crise do mercado de trabalho; e, desde então, a parcela mais pobre da população — que representa uma quantidade expressiva dos brasileiros — vem sendo a mais prejudicada, com os cortes de salários, declínio de empregos e a precariedade das políticas públicas destinadas a essa parte das pessoas, como informado pela Revista Galileu.
As conclusões são provenientes de um estudo, finalizado mas ainda não publicado, conduzido por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Segundo Marta Arretche, professora do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e pesquisadora do CEM, em uma palestra realizada em Atibaia, no estado de São Paulo, "A partir de 2014 os governos começaram a reduzir o gasto com programas sociais elaborados no período anterior para proteger os mais pobres e, desde 2015, com o começo da crise no mercado de trabalho, o desemprego dobrou no Brasil."
Nesse cenário, em que o desemprego e a pobreza cresceram e a proteção social caiu, os mais pobres foram os maiores perdedores", acrescenta Arretche.
Segundo a pesquisadora, ainda, os gastos com a previdência — seguro de trabalhadores, em que pagam um valor mensal para que possam receber algum valor caso fiquem desempregados — vêm crescendo, enquanto os com o Bolsa Família — agora Auxílio Brasil, tendo sido renomeado pelo governo de Bolsonaro — e o seguro-desemprego diminuem, devido a esses dois últimos serem de responsabilidade apenas do Executivo, e não dependem do Congresso para passar por mudanças.
Embora seja muito popular, o Bolsa Família [atual Auxílio Brasil] é um programa vulnerável a cortes no orçamento porque as mudanças podem ser feitas de modo invisível, uma vez que não estão condicionadas à aprovação do Congresso", explica. "Ocorreram tentativas recentes de acabar com o BPC e reduzir a vinculação da aposentadoria ao salário mínimo. Só que isso tem que passar pelo Congresso e os parlamentares não vão querer deixar suas digitais nessas decisões."
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