Ainda bem distantes do órgão humano, os tecidos apresentam atividade elétrica e uma pequena quantidade de conexões
A partir do sequenciamento e da mapeação de genomas neandertais, uma equipe de pesquisadores europeus criou mini-cérebros dos ancestrais hominídeos. A ideia é que, com o tecido, a relação entre os neandertais e os humanos modernos fique mais clara.
Publicado na revista Cell Stem Reports, o estudo utilizou células-tronco de diversos descendentes do Reino Unido e do norte da Europa. Segundo Grayson Camp, líder do grupo de pesquisa do Instituto de Oftalmologia Molecular e Clínica em Basileia, tais populações apresentam a maior probabilidade de possuir genes neandertais.
“Por indivíduo, há algo entre 1% e 4% do genoma provavelmente derivado dos neandertais”, explica Grayson. “Assim, se você olhar para 200 indivíduos, acabará recuperando cerca de 20% desses genes”.
Uma vez construídos os organoides cerebrais — que se resumem à pequenas bolhas em 3D —, os cientistas passaram a fazer testes com o tecido. Nesse sentido, percebeu-se que os mini-cérebros chegam a fazer conexões e, de certa forma, geram atividade elétrica — ainda bem distantes das atividades realizadas por um cérebro humano real.
Mesmo assim, apesar de ajudarem a entender melhor as diferenças cognitivas entre os humanos e os neandertais, os tecidos criados não são “cérebros neandertais cultivados em laboratório”, frisa Grayson. “Não são células neandertais, mas células humanas que possuem DNA neandertal naturalmente dentro delas”.
Com os novos estudos e com o desenvolvimento dessa tecnologia, no entanto, as expectativas científicas são altas. Espera-se que, a partir de novos tecidos criados com o DNA de outras partes do corpo humano, os especialistas possam entender melhor como os traços neandertais podem ter moldado o ser humano moderno.