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Notícias / Paleontologia

Cientistas descobrem fóssil de réptil de 225 milhões de anos no Rio Grande do Sul

Amostra encontrada em 2010 na região não é de um pterossauro como se pensava anteriormente, mas sim de uma nova espécie

Isabela Barreiros Publicado em 05/05/2022, às 11h49

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Representação artística da espécie de réptil Maehary bonapartei - Divulgação/Universidade Federal de Santa Maria
Representação artística da espécie de réptil Maehary bonapartei - Divulgação/Universidade Federal de Santa Maria

Um novo estudo revelou que um fóssil encontrado no Rio Grande do Sul não é um réptil alado — um pterossauro — como se pensava anteriormente, representando a descoberta de uma nova espécie de réptil na região.

Segundo a pesquisa, publicada na revista científica PeerJ, não se trata de um Faxinalipterus minimus, espécie a qual o esqueleto foi atribuído quando foi achado em 2010 por um grupo de cientistas liderado pelo paleontólogo José Fernando Bonaparte.

Encontrado em rochas do período Triássico, com cerca de 25 milhões de anos, o esqueleto foi classificado como uma nova espécie, batizada de Maehary bonapartei, em referência à expressão “Ma'ehary”, do povo Guarani-Kaiowa que significa “quem olha para o céu”.

O nome faz alusão à linha evolutiva dos répteis, como relatou a revista Galileu. No caso do M. bonapartei, ele está na posição mais primitiva do grupo Pterosauromorpham, em que também se encontram os pterossauros.

Nova espécie

Crânio do Maehary bonapartei / Crédito: Divulgação/Universidade Federal de Santa Maria

Após a descoberta do fóssil em 2010, o material — encontrado com outro esqueleto — foi designado como pertencente à mesma espécie, a Faxinalipterus minimus. Eles seriam os primeiros vertebrados adaptados ao voo ativo, ou seja, pterossauros.

“Seria uma descoberta muito importante o primeiro réptil do Triássico brasileiro, de 225 milhões de anos”, contou o diretor do Museu Nacional (MN), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexander Kellne, especialista em répteis voadores.

Ele foi, assim, examinar as amostras coletadas, mas acabou percebendo que não se tratava de um réptil alado. “Levantei o problema, de que havia de colocar esses dois exemplares — uma arcada superior e um esqueleto pós-craniano — em um mesmo grupo que parecia não ser. Ou seja, eu achava que eram duas espécies diferentes”, explicou.

Com a hipótese em mente, a partir da observação de que o fóssil não contava com características importantes para a identificação de tais criaturas, como a falta de feições específicas no úmero (osso do braço) e uma projetada crista deltopeitoral, os cientistas começaram a investigar.

A partir do material do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), da Universidade Federal de Santa Maria, foi possível redescrever o Faxinalipterus minimus e propor uma nova espécie, o Maehary bonapartei.

“Eles tinham, dentro do material coletado recentemente, um crânio, parte da cabeça de um animal muito parecido com um daqueles exemplares”, descreveu Kellner. “O nosso trabalho foi além da redescrição, e a gente descobriu que os dois estariam classificados na linha evolutiva dos pterossauros.”

De acordo com o estudo, o animal teria pequenas dimensões e pode mudar o que se pensa sobre a evolução do voo dos répteis, sendo o mais primitivo na linha evolutiva das criaturas que deram origem aos pterossauros.

Para o pesquisador, a expectativa é que a pesquisa permita “entender melhor como esses animais aprenderam a voar, quais foram às mudanças que ocorreram para que eles, finalmente, alçassem voo”. “O trabalho será muito citado, porque é relevante para essa discussão toda da origem do voo dos vertebrados”, completou.