Atriz se sentiu humilhada em 'cena mais infame do cinema' ao lado de Marlon Brando

Uma cena presente no filme "Último Tango em Paris" gerou problemas de saúde mental a Maria Schneider, atriz que protagonizou a trama ao lado de Marlon Brando. O longa, dirigido por Bernardo Bertolucci e lançado em 1972, é marcado por uma das sequências mais controversas da história do cinema — a chamada “cena da manteiga” — que, segundo Schneider, foi filmada sem seu consentimento prévio.

Na época das gravações, Maria tinha apenas 19 anos e não estava ciente de todos os detalhes da cena em que sua personagem é estuprada pelo personagem de Brando, com o uso de manteiga como lubrificante.

“Aquela cena não estava no roteiro original. A verdade é que foi o Marlon que teve a ideia. Eles só me disseram antes que tínhamos que filmar a cena, e eu fiquei realmente brava... Eu me senti humilhada, e para ser honesta, me senti um pouco violada, tanto pelo Marlon quanto pelo Bertolucci”, contou a atriz em entrevista em 2007.

De acordo com o portal La Nación, ela também afirmou que chorava lágrimas reais durante a filmagem e que Brando sequer se desculpou após a gravação. “Marlon me disse: 'Maria, não se preocupe, é apenas um filme', mas durante a cena, embora o que Marlon estivesse fazendo não fosse real, eu estava chorando lágrimas de verdade.”

Segundo a fonte, o diretor Bernardo Bertolucci admitiu anos depois que ocultou detalhes da cena de Schneider de propósito, dizendo: “Eu queria a reação dela como uma garota, não como uma atriz. Eu queria que ela reagisse humilhada.” De acordo com ele, o único elemento inesperado para Maria teria sido o uso da manteiga.

Após o lançamento do filme, Schneider enfrentou longos anos de luta contra o vício em drogas e problemas de saúde mental. Sua história, bem como os bastidores traumáticos do filme, são agora retratados em "Maria", longa dirigido por Jessica Palud e baseado no livro de 2018 escrito pela jornalista Vanessa Schneider, prima da atriz.

Cinebiografia

No filme, Maria é interpretada por Anamaria Vartolomei, e Marlon Brando por Matt Dillon. A produção também aborda a origem da atriz, filha de um breve relacionamento entre o ator francês Daniel Gélin e uma modelo romena. Ela conheceu o pai apenas na adolescência, quando ele a introduziu aos bastidores do cinema. "Último Tango em Paris" foi seu primeiro papel de destaque.

Ao falar sobre a experiência de interpretar Maria, especialmente ao recriar a cena polêmica, Vartolomei relatou à BBC: “Eu estava muito emocionada naquele dia. Eu não conseguia parar de chorar porque eu sentia como se tivesse acumulado a violência da cena quando eu a vi na tela. Quando eu tive que executá-la, lágrimas vieram aos meus olhos. Eu acho que é muito brutal. E é louco pensar que alguém poderia fazer isso.”

A atriz também destacou: “Ela só tinha pessoas observando-a e não fazendo nada. Acho que a violência foi duplamente forte porque ela não teve o apoio que eu tive no set.”