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Notícias / História

Arqueólogos revelam possível observatório astronômico indígena no Amapá

Monumentos megalíticos do Parque Solstício, em Calçoene, indicam avançado conhecimento dos povos originários brasileiros

Redação Publicado em 25/06/2024, às 15h13

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Monumento de granito no Amapá - Reprodução/IPHAN
Monumento de granito no Amapá - Reprodução/IPHAN

Em Calçoene, a 384 quilômetros de Macapá, capital do Amapá, monumentos de granito intrigam arqueólogos há décadas. Recentes descobertas indicam que essas estruturas megalíticas, construídas há cerca de mil anos, serviram como observatórios astronômicos utilizados pelos povos indígenas para monitorar o Sol e compreender fenômenos naturais.

Localizadas no alto de uma colina, as grandes pedras de granito, algumas pesando até duas toneladas, formam círculos que permitiam aos antigos habitantes prever períodos de chuva, realizar cerimônias fúnebres e celebrar rituais religiosos. A observação das estrelas era uma prática comum entre os povos originários do Brasil para entender os ciclos naturais da Amazônia.

Esses monumentos foram descobertos pela primeira vez em 2000 por moradores locais e, desde então, foram reconhecidos como patrimônio histórico brasileiro. O Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) datou as estruturas por volta do ano 1000 d.C., revelando sua antiguidade e importância cultural.

Agora, o sítio arqueológico será transformado em um parque de preservação e visitação pública, chamado “Parque do Solstício”. Este projeto faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em colaboração com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Apesar do entusiasmo, ainda não há uma data prevista para a inauguração.

A criação do Parque do Solstício visa preservar e celebrar essa herança cultural, destacando o sofisticado conhecimento astronômico dos povos indígenas brasileiros. Este novo parque não apenas protegerá um importante sítio arqueológico, mas também oferecerá ao público uma janela para o passado, revelando a profundidade e a riqueza das tradições indígenas no Brasil.

Diferenças e Mistérios

Os arqueólogos do Amapá evitam comparações diretas com Stonehenge, ressaltando que, embora existam semelhanças, as estruturas de Calçoene possuem características únicas. Lúcio Costa Leite, do Iepa, enfatizou que essas comparações podem diminuir a singularidade deste tesouro arqueológico brasileiro.

Um dos grandes mistérios que intrigam os pesquisadores é como as pedras, algumas gigantescas, foram transportadas e posicionadas estrategicamente pelos indígenas. A localização do Amapá, atravessado pela Linha do Equador, pode ter facilitado a observação dos solstícios e equinócios, auxiliando na agricultura e nos rituais.

Ainda não há evidências concretas sobre a habitação contínua perto dos monumentos, já que as aldeias de palha não deixaram vestígios arqueológicos. Entretanto, segundo o 'Super Interessante', urnas funerárias encontradas no local, decoradas com iconografias, sugerem uma conexão com a etnia palikur, que atualmente habita o norte do Amapá, próximo à fronteira com a Guiana Francesa.