Comprada por Bob Ross em 1840, a casa é uma importante pista sobre a vida da mulher que lutou pelo abolicionismo nos EUA
Em novembro de 2020, enquanto procurava por pistas da história de Harriet Tubman na região de Maryland, a arqueóloga Julie Schablitsky encontrou uma moeda que poderia ter pertencido a um parente da mulher. Agora, após meses procurando por mais achados, a pesquisadora identificou a casa de Ben Ross, o pai de Harriet.
Muito além da moeda de 50 cêntimos, datada de 1808, o ano em que Ross se casou, Julie e sua equipe também conseguiram desenterrar, em 2020, diversas cerâmicas do século 19. Para os arqueólogos, era “a pista de que estávamos chegando perto".
Depois de muito brigarem por mais investimento, então, eles finalmente conseguiram encontrar a cabana onde Ben Ross morou Nesta terça-feira, 20, então, o impressionante achado foi anunciado pelo Harriet Tubman Underground Railroad Visitor Center.
Muito além da estrutura da cabana em que o pai de Harriet morou durante anos antes de morrer, todavia, os arqueólogos ainda identificaram outros artefatos da mesma época. Entre as peças antigas, estão fragmentos de algumas placas e um cachimbo.
"A descoberta da cabana de Ben Ross é bastante importante", explicou o tenente-governador Boyd Rutherford. "Ela adiciona mais uma peça ao quebra-cabeça da história de Harriet Tubman, do estado de Maryland e da nossa nação."
Foi apenas em março de 2021 que Julie Schablitsky, arqueóloga chefe da Administração de Rodovias Estaduais, decidiu voltar ao local em que encontrou a moeda de 1808 para verificar se Ben Ross teria mesmo morado na região, segundo a NBC News.
"Examinamos esses artefatos mais de perto e confirmamos que eles datam da época em que ele morava lá", narrou a pesquisadora. "Com os artefatos, a arqueologia, a evidência de uma construção e apenas o local, essas várias linhas de evidência nos disseram inequivocamente que esta é a casa de Ben Ross."
Agora, a equipe responsável pelas escavações deve continuar explorando as terras da região, que foram adquiridas por Ben Ross em meados da década de 1840 e que medem impressionantes 10 acres (cerca de 40 mil metros quadrados).
Para Tina Wyatt, tataraneta de Harriet Tubman, as descobertas são muito relevantes. “Significa muito para a família poder ver tudo isso. É muito importante, não apenas para a família, mas para o mundo entender nossa história”, comentou a mulher.
Nascida em 1820, no condado de Dorchester, no pequeno estado de Maryland, na costa leste dos Estados Unidos, Harriet Tubman foi um dos mais importantes símbolos do abolicionismo no país, ainda que sua história tenha começado com a escravidão.
Quando era adolescente, a menina trabalhava com o pai e, sempre ao lado de Ben, também tornou-se uma escrava nas plantações de Maryland. Com o passar dos anos, todavia, ela passou a lutar pelo direito dos negros e ainda se tornou uma das pioneiras dos direitos civis das mulheres nos EUA, além de defender o sufrágio feminino.
Entre os anos de 1850 e 1860, ela foi responsável pela fuga de 300 escravos das fazendas do sul dos Estados Unidos. Uma vez libertos, muitos partiram rumo ao norte do país, onde não havia escravidão, e ao Canadá. Após décadas de história, Harriet Tubman morreu de causas naturais, no dia 10 de março de 1913, aos 93 anos.