Amigos estariam preocupados após não terem notícias dela desde domingo passado, 16
Elnaz Rekabi, a atleta que chamou atenção nas redes sociais após participar de um torneio de escalada sem utilizar o hijab, que é determinada como uma vestimenta obrigatória para as mulheres iranianas segundo as leis do país, fez uma aparição pública nesta manhã de quarta-feira, 19.
A alpinista, que estava competindo na Coreia do Sul, já não respondia às mensagens de seus amigos desde domingo, 16, quando teria iniciado a viagem de volta para o Irã junto ao restante de sua equipe, causando preocupação internacional.
A nação vive um momento de grande tensão, com as manifestações contrárias à obrigatoriedade do véu já durando cinco semanas, conforme repercutido pelo The Guardian. A estimativa dos grupos de defesa dos direitos humanos é que cerca de 200 pessoas teriam sido mortas nestes protestos, que contam com forte repressão policial.
Dado o contexto, o vídeo de Rekabi foi encarado por internautas iranianos como um ato de resistência contra o regime do país. Uma mensagem publicada no Instagram da atleta na última terça-feira, 18, todavia, afirma que a ausência do hijab teria sido, na verdade, acidental.
Em declaração à multidão que veio saudá-la no aeroporto de Teerã, capital iraniana, nesta quarta-feira, 19, a alpinista novamente enfatizou que teria simplesmente esquecido de colocar o véu.
Como eu estava ocupada colocando meus sapatos e meu equipamento, isso me fez esquecer de colocar meu hijab e então fui competir (...) Voltei ao Irã com paz de espírito, embora estivesse com muita tensão e estresse. Mas até agora, graças a Deus, nada aconteceu", afirmou ela, ainda de acordo com o The Guardian.
Vale mencionar, no entanto, que a BBC havia divulgado anteriormente ter ouvido de "fontes informadas" que Rekabi teve seu celular confiscado no domingo.
Neste ano, o Irã também televisionou aquilo que é descrito por ativistas locais como "confissões forçadas" de mulheres que violaram as leis do hijab.
Os intensos protestos da população iraniana foram iniciados em reação à morte de Mahsa Amani, de 22 anos, que teria entrado em coma e falecido após sofrer um suposto espancamento policial por andar em público sem usar o véu tradicional islâmico.