Último promotor do tribunal de Nuremberg, Benjamin Ferencz faleceu aos 103 anos
Faleceu aos 103 anos, na última sexta-feira, 7, Benjamin Ferencz que entrou para a História por sua atuação no tribunal Nuremberg, que ajudou a condenar os nazistas pelas atrocidades cometidas durante o Holocausto. Foi esse episódio, inclusive, que sentenciou muitos nazistas à morte.
Benjamin, que faleceu aos 103 anos, na Flórida, Estados Unidos, era o último dos promotores que atuaram no tribunal. Na época, ele tinha 27 anos. Ferencz veio ao mundo na Transilvânia, hoje parte da Romênia, e passou a morar nos EUA quando era criança.
Hoje o mundo perdeu um líder na busca por justiça para as vítimas de genocídio e crimes relacionados. Lamentamos a morte de Ben Ferencz - o último promotor de crimes de guerra de Nuremberg. Aos 27 anos, sem experiência anterior em julgamento, ele obteve veredictos de culpado contra 22 nazistas", publicou o Museu do Holocausto dos EUA através do Twitter.
Formado em direito através da ilustre faculdade de Harvard, Benjamin tinha especialização em crimes de guerra. Foi o primeiro entre os familiares a concluir o ensino superior.
Conforme repercutido pelo G1, durante a Segunda Guerra, ele se alistou no Exército, todavia, ficou de fora dos combates: isso porque fora chamado para trabalhar na unidade que reuniria provas dos crimes cometidos pelos nazistas.
O Washington Post resgata que ele até mesmo visitou alguns campos de concentração dos nazistas. Segundo resgatado pelo CBS News, Benjamin relatou ter se deparado com "esqueletos indefesos com diarreia, disenteria, tifo, tuberculose, pneumonia e outras doenças, vomitando em seus beliches cheios de piolhos ou no chão apenas com seus olhos patéticos. Implorando por ajuda".
Com o fim da guerra, ele retornou aos EUA e trabalhou como advogado civil que se direcionava a Telford Taylor, general e promotor chefe dos Estados Unidos em Nuremberg.
Quando Benjamin passou a trabalhar no tribunal que condenou nazistas, os nomes de alto escalão já haviam passado pela condenação. No entanto, também precisavam ser responsabilizados: médicos responsáveis por experimentos com as vítimas, empresários que usaram prisioneiros dos nazistas como escravizados e também o Einsatzgruppen, um grupo paramilitar do Reich que tirava a vida de civis.
Benjamin Ferencz foi o nome que processou o esquadrão da morte. Eles costumavam viajar em diferentes localidades para tirar a vida de civis. Em Kiev, na Ucrânia, o esquadrão foi responsável pela execução de 34 mil judeus.
Ferencz foi o responsável por processar esse último grupo. Esse esquadrão da morte nazista viajava para diferentes cidades e matava civis em cada local. Em Kiev, na Ucrânia, esse grupo matou cerca de 34 mil judeus.
"Vou lhe contar algo muito profundo, que aprendi depois de muitos anos", afirmou Ferencz ao "60 Minutes" em entrevista dada no ano de 2017. "A guerra transforma pessoas decentes em assassinos. Todas as guerras e todas as pessoas decentes".