Vencedor do Oscar neste ano, o cineasta palestino Hamdan Ballal foi espancado por colonos israelenses; Academia se desculpa após críticas por não apoiá-lo
Publicado em 29/03/2025, às 13h00
Após ser criticada por não apoiar o cineasta palestinoHamdan Ballal, que recentemente foi atacado e espancado por um grupo de colonos israelenses e pelo menos dois soldados, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, do Oscar, pediu desculpas.
No começo deste ano, vale mencionar, Ballal venceu Oscar na categoria de Melhor Documentário em Longa-Metragem, com 'Sem Chão', que gira em torno do conflito entre Israel e Palestina que ocorre nos últimos anos, e a luta dos palestinos da Cisjordânia enquanto tentam impedir que o exército destrua suas aldeias.
Segundo o cineasta, os ataques foram feitos como "uma vingança pelo nosso filme". E na quarta-feira, 26, o co-diretor do longa, Yuval Abraham, afirmou em publicação no X que a Academia, que organiza o Oscar, "infelizmente, se recusou a apoiar publicamenteHamdan Ballal enquanto ele era espancado e torturado por soldados israelenses e colonos. Vários membros da Academia dos EUA — especialmente no ramo de documentários — pressionaram por uma declaração, mas ela foi finalmente recusada".
"Disseram-nos que, como outros palestinos foram espancados no ataque dos colonos, isso poderia ser considerado não relacionado ao filme, então eles não sentiram necessidade de responder", prosseguiu. "Em outras palavras, enquanto Hamdan era claramente alvo por fazer 'Sem Chão', ele também era alvo por ser palestino — como inúmeros outros que são desconsiderados todos os dias. Isso, ao que parece, deu à Academia uma desculpa para permanecer em silêncio quando um cineasta que eles homenagearam, vivendo sob ocupação israelense, mais precisava deles".
Inicialmente, a Academia respondeu ao incidente ainda na quarta-feira, mas não se referiu em momento algum diretamente ao cineasta. Por isso, foi lançada uma carta aberta assinada por atores, produtores e documentaristas que criticou a declaração inicial, informa o The Guardian.
Por isso, agora a Academia emitiu um pedido de desculpas, assinado por quase 700 membros votantes. "Pedimos sinceras desculpas ao Sr. Ballal e a todos os artistas que não se sentiram apoiados por nossa declaração anterior e queremos deixar claro que a Academia condena a violência desse tipo em qualquer lugar do mundo", afirma o novo comunicado, emitido na sexta-feira, 28.
"Abominamos a supressão da liberdade de expressão sob quaisquer circunstâncias. É indefensável para uma organização reconhecer um filme com um prêmio na primeira semana de março e, em seguida, deixar de defender seus cineastas apenas algumas semanas depois", prosseguiu o pedido de desculpas.
Além disso, o comunicado também condenava a "agressão brutal e a detenção ilegal" do vencedor do Oscar: "a perseguição a Ballal não é apenas um ataque a um cineasta — é um ataque a todos aqueles que ousam testemunhar e contar verdades inconvenientes. Continuaremos a vigiar esta equipe de filmagem. Ganhar um Oscar colocou suas vidas em perigo crescente, e não mediremos palavras quando a segurança de colegas artistas estiver em jogo".
Entre pessoas famosas que assinaram a carta de desculpas, estão Mark Ruffalo, Olivia Colman, Emma Thompson, Richard Gere, Susan Sarandon, Joaquin Phoenix e Penelope Cruz.
