Celebração, que acontece no próximo dia 27 de janeiro, acontecerá com uma restrição: 'Não haverá discursos políticos de forma alguma', afirma diretor
No próximo dia 27 de janeiro será celebrado os 80 anos da libertação de Auschwitz. Este ano, porém, o evento contará com uma restrição: embora monarcas, presidentes e primeiros-ministros estejam convidados, nenhum deles terá espaço para discursar.
Pela primeira vez em um aniversário "redondo" da libertação, o museu de Auschwitz proibiu todos os discursos de políticos no evento de 27 de janeiro, que marcará as oito décadas desde o dia em que as tropas soviéticas libertaram o campo em 1945.
Sendo assim, conforme repercutido pelo The Guardian, apenas os sobreviventes do campo de concentração nazista na Polônia ocupada poderão discursar — no que será, muito provavelmente, a última grande comemoração quando muitos ainda estiverem vivos e saudáveis o suficiente para viajar.
Não haverá discursos políticos de forma alguma", afirmou Piotr Cywiński, diretor do memorial e museu de Auschwitz-Birkenau, em uma entrevista recente ao veículo inglês.
"Queremos nos concentrar nos últimos sobreviventes que estão entre nós e em sua história, sua dor, seu trauma e sua maneira de nos oferecer algumas obrigações morais difíceis para o presente", acrescentou.
Apesar da falta de 'politicagem' no evento, a política contemporânea possui forte influência nos bastidores do mesmo. Afinal, no início do mês, o vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia sugeriu que as autoridades seriam obrigadas a prender o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se ele viajasse para a Polônia para a cerimônia — dado o mandado do tribunal criminal internacional para sua prisão por acusações de crimes de guerra.
Porém, na quinta-feira da semana passada, 9,o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, voltou atrás na ameaça, anunciando que qualquer político israelense, incluindo Netanyahu, poderia visitar a cerimônia sem medo de ser preso, apesar do fato de a Polônia ser signatária do Tribunal Penal Internacional (TPI).
"O governo polonês trata a participação segura dos líderes de Israel nas comemorações de 27 de janeiro de 2025 como parte da homenagem à nação judaica, cujos milhões de filhas e filhos se tornaram vítimas do Holocausto realizado pelo Terceiro Reich", diz uma resolução divulgada pelo gabinete de Tusk.
Cywiński descreveu toda a discussão como uma "provocação da mídia", alegando que não havia nenhuma indicação de que Netanyahu tivesse planejado visitar a cerimônia em primeiro lugar. Ele disse, no entanto, que uma delegação israelense era esperada no evento.
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