'21, Mão na Cabeça' é dirigido por Milton Alencar Jr e retrata a chacina de Vigário Geral
A 'Chacina de Vigário Geral' foi um massacre ocorrido na favela de Vigário Geral, localizada na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1993. Esse mês, a tragédia completará 29 anos, e tem sua memória no filme '21, Mão na Cabeça' — dirigido por Milton Alencar Jr. —, que conta a história do atentado, e agora pode ser assistido no Now.
No longa, é possível acompanhar a história de Leonardo (Roberto Bomtempo), que sofrera um atentado a tiros, e Clarissa (Prisma da Mata), enfermeira que tratou o rapaz e uma das vítimas da chacina de Vigário Geral. Eles descobrem um no outro a possibilidade de um romance impossível, mas o destino lhes reserva um final surpreendente.
Em entrevista, o cineasta Milton Alencar Jr. explicou como nasceu a produção: segundo ele, tudo se iniciou durante a produção do documentário que também tratava da chacina de Vigário Geral, o 'Lembrar pra não Esquecer', entre os anos de 2007 e 2009. Na época, porém, acabou conhecendo familiares de vítimas da tragédia, além de advogados e desembargadores do caso.
Fomos a campo pesquisar e nos envolvemos muito com familiares. [...] No envolvimento com a comunidade vimos que precisávamos construir mais e daí veio a ideia para o filme", conta Milton Alencar, em resposta enviada ao site Aventuras na História.
No entanto, o longa — ficcional, mas inspirado em histórias reais — conta a história de Clarissa, personagem inspirada em uma pessoa que viveu o evento. "Conhecendo alguns personagens reais daquela tragédia, conheci aquela criança que viu o acontecimento por baixo do lençol. Essa moça, que hoje deve estar com uns 35 anos, deu base a história central de '21, mão na cabeça'. Ela viveu aquilo ali, acrescentamos alguma ficção né, mas a 'Clarissa', que é um nome fictício, viveu os acontecimentos", diz o cineasta.
No entanto, infelizmente o diretor de cinema não vê diferença atualmente no tratamento com as comunidades e a população mais pobre que lá vivem:
Não há motivos para comemorar, nada mudou, ou melhor, mudou, mas para pior. O que resta é apenas lembrar e não esquecer de todo o sofrimento, dor, crueldade e banalização da violência", conta.