Após 16 anos do incêndio, o Teatro Cultura Artística, ícone da praça Roosevelt, reabre ao público com foco exclusivo na música
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 21/08/2024, às 16h20
O Teatro Cultura Artística, um marco da cultura paulistana desde os anos 1950, retorna à cena cultural de São Paulo no próximo dia 25, após uma longa reforma motivada por um incêndio devastador em 2008. Reconhecido por sua história rica, que inclui a inauguração sob a regência dos maestros Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, o teatro renasce com uma missão clara: ser um espaço dedicado exclusivamente à música, conectando o passado glorioso à modernidade.
A reconstrução do teatro, que custou 150 milhões de reais arrecadados majoritariamente por meio de incentivos fiscais, trouxe mudanças significativas. A sala de apresentações, destruída pelo incêndio, foi recriada para oferecer uma experiência acústica de excelência, com uma instalação da artista Sandra Cinto, projetada para aprimorar a qualidade sonora.
Não existe sala para tudo. Quanto mais usos ela tiver, pior será para todos eles", explica Frederico Lohmann, diretor-executivo da Sociedade Cultura Artística.
Mantendo a tradição, mas com um olhar para o futuro, o teatro reduziu sua capacidade de 1.150 para 773 assentos, priorizando o conforto e a proximidade do público com os artistas. A fachada, com o icônico mural de Di Cavalcanti e os saguões projetados por Rino Levi, foram restaurados, mantendo viva a essência do edifício original.
Uma novidade é a chegada da Livraria Megafauna, que abrirá uma nova unidade no teatro, oferecendo eventos culturais gratuitos e ampliando o fluxo de pessoas na região. Com paredes de vidro que oferecem uma vista panorâmica da Praça Roosevelt, o teatro busca se integrar ainda mais ao seu entorno, convidando o público a participar desse novo capítulo.
Segundo a 'Revista Veja SP', a programação de 2024 será dedicada a música clássica, com 48 apresentações previstas. Em 2025, a proposta é diversificar os gêneros musicais, incluindo jazz, MPB e até música eletrônica. Aos domingos, jovens músicos terão a chance de se apresentar em um ciclo especial, fortalecendo o compromisso do teatro com a formação de novos talentos.
Para Eduardo Gutterres, jovem violonista e ex-bolsista do Cultura Artística, o renascimento do teatro representa mais do que uma nova etapa na vida cultural da cidade. "Acredito que o teatro vai movimentar essa região, não só como um espaço de espetáculo, mas também de convivência", afirma o músico à Veja SP.
