A mesma palavra que hoje se refere a um sério congresso acadêmico já quis dizer uma noitada de bebedeira
Na Grécia Antiga, um simpósio (se sym, "juntos" e posis, "beber") era uma festa bastante descontraída, frequentemente caótica, onde as atrações eram muito vinho, música poesia e a ancestral conversa de boteco. Daquelas que, assim como oje, às vezes enveredavam para assuntos elevados e pretensiosos.
No livro O Simpósio (geralmente traduzido como O Banquete), Platão descreve Sócrates e outros convivas discutindo animadamente sobre o amor. Por causa da influência de Platão, descrevendo um evento desses atipicamente civilizado, a partir do século 18, o termo passou a significar um encontro de acadêmicos para discutir um tema específico.
Um simpósio grego não era sério, mas também não era uma orgia: beber demais era considerado uma gafe. Sexo podia acontecer, mas os relatos frequentes mostram os convidados simplesmente voltando para casa ou saindo às ruas para arruaças.
"Beer pong"
O vinho era consumido de uma tigela rasa chamada kylix (origem da palavra "cálice"), decorada com um desenho cômico que aparecia quando a bebida estava no fim. Nessa hora, os convidados jogavam os kotabbos: atiravam resto do líquido contra um disco de metal, com a intenção de fazê-lo cair sobre outro disco, provocando um barulhão.
Cortesãs finais
As hetairas eram prostitutas finas, treinadas nas artes da música, poesia e conversa. Eram as únicas mulheres admitidas ali. Seu papel era similar ao das gueixas do Japão: entreter os convidados com seu charme, beleza e inteligência.
Nos espaços, os gregos mais ricos tinham um recinto exclusivo chamado andron, "sala dos homens", próximo da entrada, capaz de receber até 30 convidados em divãs. As ânforas, paredes e utensílios eram decorados com cenas dos próprios simpósios, muitas vezes eróticas, mostrando uniões entre homem e mulher ou dois homens.
Vinho agudo
A festa começava quando o anfitrião diluía vinho e água no kreter, um imenso jarro que podia ter mais de mil litros de capacidade, o que era seguido por uma libação: derramar a mistura em honra aos deuses. Beber vinho puro era considerado um hábito bárbaro.
Para uma boa conversa, a proporção era de três partes de água para uma bebida alcoólica. Para uma festança, duas para uma. Uma para uma só se o plano fosse mais "picante".
Já a cozinha da Grécia antiga tinha orgulho de sua frugalidade. Excesso de refinamento era considerado sinal de fraqueza e decadência. Azeitonas, queijo, pão, castanhas, trigo torrado e bolos de mel eram servidos antes e durante o simpósio para balancear a bebedeira.