Em 1952, o fog da capital britânica não era natural: era na verdade um smog, uma neblina de fumaça
O nevoeiro (fog) é uma coisa inseparável da imagem de Londres na era vitoriana, onde se passam as obras de Charles Dickens e Arthur Conan Doyle. Na imaginação coletiva, a coisa dava um certo ar gótico, romântico à cidade. Talvez romântico até demais – como os poetas do Mal du Siècle, as pessoas morriam por doenças respiratórias por causa desse fog.
Porque não era realmente um fog, mas smog – neologismo vindo de smoke (“fumaça”). Uma neblina de fumaça.
Essa fumaça surgia da queima de carvão para o aquecimento doméstico, e por isso a neblina era vista como um fenômeno de inverno. A eletricidade, também no pico do consumo, com as pessoas enfurnadas em casa, vinha de termoelétricas movidas a carvão nas imediações da cidade.
A coisa atingiu o nível de calamidade pública entre 5 a 9 de dezembro 1952. Condições atmosféricas peculiares, com uma camada de ar frio impedindo a fumaça de se dispersar, levou ao pior nevoeiro de poluição da História. O ar estava carregado de ácido sulfúrico, vindo do enxofre do carvão, ficando amarelo-esverdeado. Aos londrinos, o ar parecia uma sopa de ervilhas. Até 12 mil pessoas faleceram nesses meros quatro dias infernais. Leis ambientais estritas – e pioneiras – foram promulgadas. O fog ficou no passado, sem deixar saudades.