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Desventuras / Olimpíadas

Olimpíadas: Como fazíamos sem a cobertura dos jogos no rádio e na TV?

Hoje, pessoas ao redor do mundo acompanham as olimpíadas através da televisão e celular, mas como funcionava esse processo no passado?

Redação Publicado em 28/07/2024, às 13h00

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Jogos Olímpicos modernos, em 1896 - Getty Images
Jogos Olímpicos modernos, em 1896 - Getty Images

Quem não estava em Atenas para ver os primeiros Jogos Olímpicos modernos, em 1896, não conseguiu acompanhá-los em tempo real. A possibilidade veio 28 anos depois, quando houve a primeira transmissão de uma Olimpíada pelo rádio, em Paris. Grande público foi alcançado, mas os limites eram as fronteiras do país, já que fora dele não havia um sistema adequado para transmitir.

O rádio já tinha chegado ao Brasil, porém foi só a partir da década de 1930 que começou a acompanhar o maior evento esportivo do mundo, contou o professor e pesquisador em mídia e esporte José Carlos Marques. Quem queria ver, não apenas escutar, teve que esperar até 1936, quando se deu a primeira transmissão televisiva, em Berlim, na Alemanha.

No aguardo

Só que, para ver as Olimpíadas pela TV, era preciso ir até a Vila Olímpica ou a determinados locais públicos. O resto do mundo teve que aguardar até 1960 para poder assistir à transmissão dos Jogos de Roma.

Até então, quem não tinha TV, quem estava nos tempos antes do rádio e quem não podia viajar até a cidade-sede dos Jogos Olímpicos, ou seja, a maioria da população do planeta, tinha que se contentar com a cobertura dos jornais e revistas, o que, no Brasil, era pouco abrangente.

Nas primeiras quatro edições das Olimpíadas, chegavam poucas notícias. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma pesquisa de Fausto Amaro, autor do artigo Jogos Olímpicos na Imprensa Carioca: Primeiros Momentos (1890 a 1910), cita o caso do Jornal do Brasil, o então favorito entre fãs do esporte.

Em toda a década de 1900, foram 46 citações aos ‘jogos olympicos’ (grafia da época). Onze na década anterior. “A realização das Olimpíadas no eixo Europa-América do Norte juntamente com a ausência de atletas brasileiros, que começaram a participar apenas em 1920, podem justificar a baixa incidência de notícias relacionadas às Olimpíadas no período”, escreveu Fausto.

Interesse

Já o pesquisador em História do Esporte Fabio de Faria Peres lembrou a “tímida nota publicada no Jornal do Brasil” sobre o início dos Jogos Olímpicos de 1896, que começava assim: “Grécia. Os Jogos Olympicos. Athenas – começaram aqui os tradicionaes jogos olympicos, que despertam, como de costume, o maior interesse”.

Peres relatou que a nota informava que a família real, acredita-se que da Grécia, estava no local e que era considerável o número de estrangeiros no evento. “Somente depois dos Jogos, cerca de 15 dias após o encerramento, é que o Jornal do Brasil e O Apostolo publicaram uma matéria (cujo conteúdo era praticamente o mesmo, com algumas poucas informações adicionais).

O esporte ainda não estava consolidado no Brasil. Peres defendeu que menos ainda as Olimpíadas. Sobre a cobertura a respeito em 1896, ele argumentou que “aqueles Jogos não gozavam do mesmo prestígio e legitimidade que viriam a ter no decorrer do século 20. Não havia monopólio sobre o próprio sentido do termo ‘jogos olympicos’. Eram um tipo de competição entre outras tantas.

Seus idealizadores tiveram que ‘lutar’ pelo ‘monopólio da imposição da definição legítima’ do termo e dos sentidos associados a ele”. Os idealizadores conseguiram. A luta pelo monopólio passou para os veículos de comunicação, que competem com bilhões de dólares pelos direitos de transmissão dos Jogos e chegam a todos os cantos do mundo todo.