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Coronavírus / Brasil

Vítimas da Covid-19, gêmeos morrem com diferença de dois dias um do outro

Antes de serem internados, os irmãos receberam o polêmico kit covid — que contém uma série de medicamos sem comprovação científica

Fabio Previdelli Publicado em 17/03/2021, às 12h01

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Os irmãos gêmeos Genilton e Jailson Rodrigues - Arquivo pessoal
Os irmãos gêmeos Genilton e Jailson Rodrigues - Arquivo pessoal

Na cidade paranaense de Ponta Grossa, que fica a mais de 110 quilômetros da capital Curitiba, um triste caso de vítimas da Covid-19 vem comovendo a todos. Trata-se a história dos gêmeos Genilton e Jailson Rodrigues, de 47 anos, que morreram com dois dias de diferença um dos outro: um no sábado, 13, e o outro na segunda, 15.  

Segundo informações do UOL, o drama da família Rodrigues começou em 8 de fevereiro, quando Genilton foi diagnosticado com o novo coronavírus, porém, ele só foi internado cerca de uma semana depois, dia 14. Já seu irmão foi positivado no dia 16 e hospitalizado no dia 21. 

A família confirmou que ambos procuraram ajuda médica, mas, em um primeiro momento, eles receberam o kit covid — que contém uma série de remédios usados para ‘combater’ a covid, mas que não possuem comprovação científica no tratamento, como a azitromicina. Acontece que o estado de saúde deles começou a piorar e logo precisaram ser hospitalizados, em dias diferentes. 

"Na segunda-feira (8), ele teve dor de cabeça, um pouco de dor no corpo. E na quarta-feira (10), ele fez o teste e já deu positivo. Aí já ficou em casa tomando os medicamentos necessários, os remédios básicos para os primeiros sintomas, que é azitromicina, vitamina D, C, zinco e, se desse febre, Novalgina 1 mg", conta Zenei Pepe Rodrigues, esposa de Genilton, em entrevista ao UOL. 

Com sua internação, ele fez um exame de raio-x, o que comprovou que seu pulmão estava comprometido. Zenei conta que, desde o primeiro dia no hospital, Genilton ficou em um quarto com respirador. Porém, no dia seguinte, seu marido teve uma parada cardíaca durante a madrugada e precisou ser intubado na UTI do Centro Hospitalar São Camilo.  

“Ele ficou na UTI até dia 13 de março, quando veio a entrar em óbito”, conta Zenei. “Foi nessa luta por 28 dias". Casado há 21 anos, Genilton deixou três filhos — duas gêmeas de 17 e outro de 16. Ele era proprietário de um mercado e uma padaria.  

Já seu irmão, Jailson, deu entrada no hospital uma semana depois de sua internação. A primeira luta foi para encontrar um leito disponível. Sem sucesso, ele foi levado para o mesmo hospital particular que seu irmão estava. "Ele primeiro ficou dois dias no quarto, no respirador, mas não aguentou e já teve que ir para UTI", conta a cunhada. 

Na sexta-feira, 12, a família ficou sabendo que a conta hospitalar de Jailson já havia batido a marca dos 110 mil reais e que eles já teriam que pagar 40% desse valor, relembra Zenei. Para ajudar nos custos, uma vizinha chegou a criar uma vaquinha e a esposa de Jailson vendeu o carro do marido para ajudar na arrecadação.