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Curiosidades / Pompeia

Vítimas da fúria do Vesúvio: Os restos mortais de Pompeia que revelaram curiosidades

Em 1933, dois restos mortais foram encontrados na Casa do Artesão, mas descobertas só foram feitas a partir de estudos recentes

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 19/03/2023, às 14h00 - Atualizado em 15/06/2023, às 15h30

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Os dois indivíduos encontrados na Casa do Artesão - Divulgação/Notizie Degli Scavi Di Antichita
Os dois indivíduos encontrados na Casa do Artesão - Divulgação/Notizie Degli Scavi Di Antichita

Em 2021, uma pesquisa desenvolvida por cientistas do Departamento de Ciências da Terra e Geoambientais da Universidade de Bari, na Itália, em parceria com o National Institute of Geophysics and Volcanology, determinou quanto tempo o Vesúvio demorou para matar os habitantes de Pompeia

A erupção fatal, em 24 de agosto de 79 d.C., acometeu fatalmente os moradores da cidade italiana em cerca de 15 minutos. Tendo a maioria das vítimas sofrido pela liberação de gases nocivos, que o sufocaram em pouco tempo. A lava, que veio logo em seguida, serviu apenas como uma “onda de limpeza” dos corpos e estruturas. 

+ Quanto tempo Vesúvio levou para matar cidadãos de Pompeia?

O fatal episódio, porém, conseguiu preservar os restos mortais das vítimas, visto que os corpos foram cobertos de cinzas endurecidas pelo tempo. Em 1933, dois corpos foram encontrados por lá, mas só recentemente, em maio de 2022, estudos revelaram diversas curiosidades sobre os moradores da época. 

Um dos esqueletos analisados/ Crédito: Divulgação/Serena Viva/Mauro Buonincontri

O achado 

No sítio arqueológico de Pompeia, existe um edifício conhecido como ‘A Casa do Artesão’, uma residência no centro da cidade. No momento que o Vesúvio entrou em erupção, há quase dois mil anos, duas pessoas — um homem e uma mulher — ficaram presas no canto da sala de jantar no local. Acredita-se que eles estavam almoçando quando tudo aconteceu. 

Conforme relata a BBC, seus restos mortais foram encontrados em 1933, mas foi só após um recente estudo que pesquisadores conseguiram extrair informações do material genético dos ossos das vítimas. E as descobertas foram incrivelmente reveladoras. 

Serena Viva analisando uma dos esqueletos analisados/ Crédito: Divulgação/Serena Viva/Mauro Buonincontri

Chamado de “genoma humano de Pompeia”, o material trata-se de um conjunto quase completo de “instruções genéticas” das vítimas, que foram codificadas a partir do DNA extraído de seus ossos — preservado em corpos cobertos de cinzas endurecidas pelo tempo. O estudo completo está disponível na Scientific Reports.

As revelações

De acordo com a antropóloga Serena Viva, da Universidade de Salento, as vítimas foram encontradas em uma posição em que os pesquisadores entendem que elas não estavam tentando fugir. “A resposta de por que eles não fugiram pode estar em suas condições de saúde”, diz à BBC. 

A notável preservação do material genético aliado a mais recente tecnologia de laboratório permitiu que os pesquisadores desvendassem muitas informações a partir de uma “quantidade muito pequena de pó de osso”, aponta o líder do estudo, o professor Gabriele Scorrano, do centro Lundbeck GeoGenetics em Copenhague (Dinamarca). 

Com isso, constatou-se que o esqueleto do homem armazenava DNA da bactéria causadora da tuberculose. O que pode significar que ele sofria da doença no momento em que foi acometido pelo Vesúvio

Além disso, o fragmento de um osso na base de seu crânio permitiu que os pesquisadores decifrassem seu código genético, constatando que a vítima compartilhava “marcadores genéticos” com outras pessoas que viveram na Itália durante o Império Romano

Lesões nas vértebras lombares do indivíduo do sexo masculino sugerem que ele sofria de tuberculose antes de morrer/ Crédito: Divulgação/Serena Viva/Mauro Buonincontri

Entretanto, o sujeito também tinha semelhança de genes como pessoas comumente encontradas na Ilha de Sardenha, levando a crer que a península italiana abrigava altos níveis de diversidade genética. 

"Essas pessoas são testemunhas silenciosas de um dos eventos históricos mais conhecidos do mundo", aponta o professor Scorrano. Já a antropóloga celebra que cada corpo humano achado em Pompeia é um verdadeiro “tesouro”.