O autor lançou algumas teorias que hoje realmente aconteceram. E outras que ainda podem acontecer
O início do século passado foi marcado por valiosas descobertas científicas que fizeram o mundo dar um grande salto em poucas décadas. Se em 1899 ainda não havia anestesia, 11 anos depois os cientistas relacionavam os cromossomos à hereditariedade – fato que reforçou a possibilidade de se produzir uma “raça pura e perfeita”. Essa espantosa evolução serviu de matéria- prima para o inglês Aldous Huxley, em Admirável Mundo Novo, de 1932.
O livro traça uma perspectiva futurista sombria de uma sociedade biologicamente programada. Para o escritor, o conceito de família se perderia, e as crianças nasceriam em laboratório, com futuro predestinado. Dependendo da classe genética, definia-se a função que teriam na sociedade.
Nada seria questionado. A programação biológica aboliria o livre-arbítrio. As possíveis inseguranças pessoais seriam resolvidas com uma droga, no livro chamada de Soma, uma espécie de Prozac sem efeito colateral. Mulheres deixariam de procriar da maneira natural, porque isso poderia gerar indivíduos imperfeitos. O mundo teria extrema ordem.
Huxley acertou que no futuro as crianças poderiam ser fabricadas, como acontece desde 1978, com os bebês de proveta. Só não imaginava que seria um recurso para casais com problemas de fertilidade.
Também não apostou que as informações genéticas fossem usadas para a descoberta preventiva de doenças. Apesar de o escritor não ter dado data específica para seu futuro idealizado, as benesses da ciência hoje foram mais positivas do que negativas para o homem.