A iguaria tornou-se um aperitivo bastante nobre através das mãos de monges trapistas
O surgimento do queijo na mesa da humanidade ainda é motivo de especulação entre os estudiosos da origem dos alimentos. Mas há suspeitas. Pesquisadores desconfiam que o tatatataravô de todos os queijos nasceu entre 8 mil e 2 500 a.C., possivelmente na Europa ou na Ásia Central. Ainda assim, a única certeza é que apareceu antes do Império Romano e teve uma grande importância na economia desse povo.
Já o queijo de casca lavada (fromage à croûte lavée, no nome original, em francês) tem data de nascimento mais ou menos conhecida: vem do século 10, produzido pelas mãos sujas dos trabalhadores franceses mais humildes, que passaram a criar queijos de gosto forte para disfarçar a falta de outros alimentos.
O nome vem do próprio método de fabricação: a casca passa por um tratamento especial durante a cura, ganhando coloração mais avermelhada e uma boa dose de rugosidade. Micro-organismos gerados na casca por esse processo criam enzimas que avançam em direção ao centro do queijo, conferindo-lhe os sabores marcantes. Na época, esse gosto peculiar se assemelhava ao da carne, e o queijo primitivo tinha uma textura mais consistente — ótima combinação para enganar um estômago vazio.
Essa qualidade foi essencial na história desse queijo e ajudou em sua popularidade durante a Idade Média, a ponto de cair nas graças dos monges trapistas — que o vendiam para autossustento —, ganhando então receitas mais elaboradas dentro dos monastérios. Foi quando o casca lavada passou a ser conhecido como “queijo trapista”.
Uma ótima propaganda, em se tratando dos religiosos que ficaram famosos também pela criação de algumas das melhores cervejas do planeta. Da cozinha de trabalhadores braçais à produção santificada dos monges medievais, o queijo de casca lavada chegou aos empórios e mercados do século 21. No Brasil, acham-se exemplos como o gruyère, suíço e o tallegio italiano, entre outras delícias.
+Saiba mais sobre Culinária através das obras abaixo, disponíveis na Amazon:
História da Culinária em 100 Receitas, de William Sitwell (2013) - https://amzn.to/2Sj0eXG
História da alimentação, de Massimo Montanari (2003) - https://amzn.to/3fE4V6r
De caçador a gourmet - Uma história da gastronomia, de Ariovaldo Franco (2001) - https://amzn.to/3hWPA43
História da Alimentação no Brasil, de Luís da Câmara Cascudo (2011) - https://amzn.to/3wnuqzH
Memórias gastronômicas de todos os tempos: Seguido de Pequena história da culinária, de Alexandre Dumas (2005) - https://amzn.to/3fzsJIM
Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, a Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.
Aproveite Frete GRÁTIS, rápido e ilimitado com Amazon Prime: https://amzn.to/2w5nJJp
Amazon Music Unlimited – Experimente 30 dias grátis: https://amzn.to/2yiDA7W